É dentro de um prédio na 601 Norte que cerca de 250 servidores da Secretaria de Saúde analisam diariamente as doenças em circulação e a qualidade dos alimentos, bebidas e medicamentos no Distrito Federal. Ali fica o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-DF), espaço referência em diagnóstico laboratorial e controle epidemiológico e sanitário da população brasiliense, que realiza cerca de 280 tipos de análise.
Quando se trata da área epidemiológica, o Lacen organiza amostras biológicas vindas de todas as regionais de saúde do DF para identificar doenças como covid-19, sarampo, rubéola e parvovírus (doenças exantemáticas); HIV e hepatites virais A, B e C; e dengue, chikungunya, zika e febre amarela (doenças das arboviroses). Já o serviço sanitário trata da análise da amostra de alimentos, água e medicamentos encaminhados pelo Programa de Vigilância Sanitária.
“O Lacen faz vigilância laboratorial. Se surge uma doença nova, nós estamos aqui para alertar. Dar o primeiro sinal para as ações de vigilância das outras diretorias”, afirma a farmacêutica e diretora do Lacen, Grasiela Araújo da Silva. “É importante saber o que está circulando para poder fazer as barreiras e não deixar que a doença se espalhe. É (um trabalho) importantíssimo, porque nós precisamos muito prevenir. Gasta-se muito menos prevenindo”, acrescenta.
É a partir do trabalho do laboratório que a rede pública de saúde pode agir sugerindo isolamento, vacina, políticas públicas e quaisquer outras ações de prevenção e contenção. “O serviço aqui impacta tanto na agilidade do diagnóstico quanto até nas opções terapêuticas. Vai impactar na conduta clínica do médico e, principalmente, acho que a maior relevância é a vigilância em saúde. É um trabalho de formiguinha, mas que tenho certeza que é grandioso para a população”, comenta o biomédico Lucas Luiz Vieira, que trabalha há seis anos no Lacen-DF.
Todos os dias, três veículos do laboratório circulam pelas regionais de saúde do DF captando as amostras para serem cadastradas e analisadas. As análises e os ensaios são sem custos ao cidadão, que pode fazer a coleta de material biológico por meio de consulta médica para ser encaminhada ao Lacen ou em uma unidade de saúde do DF para a realização dos exames com o pedido médico em mãos.
Situações de emergência
Durante o período crítico da pandemia de covid-19, o trabalho foi intensificado para que fossem feitos os diagnósticos da doença, com o auxílio de servidores de outros setores que foram treinados para compor uma força-tarefa. “Servidores de outras áreas que tinham conhecimento em biologia molecular foram transferidos de setor para que pudéssemos dar conta do grande volume de análise”, lembra a diretora do Lacen.
Desde agosto, o Lacen incorporou nos serviços a análise de amostras de monkeypox, que, até então, estavam sendo enviadas para o Rio de Janeiro. O novo serviço resultará num diagnóstico mais rápido, passando de 15 dias da coleta até o resultado para cerca de 48 horas.
Monitoramento sanitário
Outro serviço importante do Laboratório Central consiste no monitoramento da qualidade de alimentos e bebidas em termos de vigilância sanitária. Direcionados ao local, os produtos e as águas são analisados de forma física e química tanto em relação à matéria-prima em si, como em relação às informações que estão nos rótulos.
“Muitas vezes o consumidor vai ao comércio, adquire o produto e não sabe o que está levando para casa. A gente faz uma amostragem junto com a Vigilância Sanitária para monitorar a qualidade, ver se está tudo ok. Quando a gente fala em água, não analisamos apenas para consumo humano, mas também a água dos esgotos”, informa a nutricionista e responsável pelo laboratório de micotoxinas Janice Ramos de Sousa.
Os alimentos são analisados em laboratórios de micotoxinas, que identifica as toxinas em oleaginosos (vegetais que possuem óleos e gorduras); aflatoxinas (micotoxina produzida por espécies de fungos); aditivos (substâncias adicionadas aos alimentos para modificar sabor, aparência, aroma ou prolongar tempo de conservação); de metais pesados; águas e bebidas; leite e derivados; carnes; vegetais; panificação; e microbiologia, no caso de surtos alimentares, como diarreia e infecções.
“A importância disso é que conseguimos orientar a população ou pelo menos fiscalizar melhor o que está sendo colocado à disposição do consumidor”, revela a nutricionista.
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