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Punição por racismo é revertida em doação de livros para escolas do DF

Dedicados a atuar pela igualdade racial, estabelecimentos de ensino de Taguatinga e do Guará recebem incentivo para desenvolver, com os alunos, ativi

11/10/2022 às 10h50
Por: Correio Fonte: Agência Brasília
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Chico Neto
Chico Neto

Novembro é o Mês da Consciência Negra. Dentro da temática da igualdade racial, que faz parte das escolas do Distrito Federal, uma iniciativa da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejus) chama a atenção: o valor de uma multa aplicada em virtude de uma prática racista foi convertido em doação de livros para quatro colégios públicos da capital federal. E essas obras premiaram alunos antenados no tema. Trata-se de uma parceria do governo local com o Ministério Público do Trabalho no DF (MPT-DF).

A estudante Maria Eduarda Almeida atua na campanha em sua escola: “Já passei por situações de discriminação, e é muito triste ouvir de alguns que não existe racismo no Brasil” | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília
A estudante Maria Eduarda Almeida atua na campanha em sua escola: “Já passei por situações de discriminação, e é muito triste ouvir de alguns que não existe racismo no Brasil” | Foto: Joel Rodrigues/Agência Brasília

Um estabelecimento de Águas Claras foi condenado a pagar R$ 6 mil por conta de uma campanha publicitária cuja iniciativa apresentou configuração de racismo. O montante, por decisão judicial, foi destinado a três escolas de Taguatinga e uma do Guará, desde que esses estabelecimentos trabalhassem a temática da igualdade. Nesta semana, o Centro de Ensino Médio 3 de Taguatinga promoveu apresentações culturais, além de sortear livros sobre a discriminação racial para alunos de 15 a 17 anos.

Inspiração

“Não dá mais para se dividir nos dias de hoje as pessoas pela cor da pele, e o projeto veio para reforçar essa temática racial nas escolas”Diego Moreno, subsecretário de Igualdade Racial

A aluna do terceiro ano Maria Eduarda Almeida, 17 anos, foi uma das agraciadas. Em uma banda formada por mais quatro colegas, ela interpretou uma música do repertório da cantora Iza. E levou para casa um exemplar doPequeno manual antirracista, da escritora Djamila Ribeiro. Eduarda, que se autodeclara preta, disse que isso tudo tem a ver com ela.

“Já passei por situações de discriminação, e é muito triste ouvir de alguns que não existe racismo no Brasil”, contou a estudante. “Então, pra mim, foi inspirador cantar uma música de uma artista negra, de alguém que venceu, e ainda levar um livro sobre o tema.”

Kauan Oliveira, 17, atuou em uma rápida esquete teatral em companhia de Gabriela Barbosa, da mesma idade. “A gente ficou muito feliz quando a vice-diretora nos sugeriu que participássemos; é um momento de refletir sobre a igualdade racial”, pontuou o jovem. As obras literárias que não foram parar nas mãos dos estudantes vão reforçar as prateleiras da biblioteca do CEM 3.

Educação fora do espaço escolar

“Todos são iguais perante a lei, e ações afirmativas como a da escola contribuem para mudar as atitudes em nosso país”

 O subsecretário da Igualdade Racial, Diego Moreno, acompanhou as apresentações no colégio e destacou a importância de debater o racismo: “Acreditamos que a sociedade não deve exigir de seus filhos notas altas somente dentro dos muros das escolas, mas também fora dela. É tudo uma questão de educação. Não dá mais para se dividir nos dias de hoje as pessoas pela cor da pele, e o projeto veio para reforçar essa temática racial nas escolas”.

Representando o MPT-DF, o procurador Rafael Mondego lembrou que o Ministério Público está atento às práticas discriminatórias: “A ação proposta pelo MPT resultou numa indenização por dano material coletivo, e tivemos a felicidade de que o juiz fizesse esse link com a questão da discriminação racial, que foi o objeto do processo. Todos são iguais perante a lei, e ações afirmativas como a da escola contribuem para mudar as atitudes em nosso país”.

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