Normalmente vistos como sujeira ou material sem utilidade, os resíduos da construção civil (RCC) têm um importante papel no Distrito Federal. Em um trabalho diário feito pelo Serviço de Limpeza Urbana (SLU), esse tipo de material é tratado e reaproveitado na reforma de estradas rurais, na contenção de erosões e no aterramento de construções. De 2019 até agosto deste ano, conforme dados da Secretaria de Governo (Segov), o governo já utilizou cerca de 5,5 milhões de toneladas de resíduos para manutenções diversas.
Trata-se de restos de concreto, tijolos, telhas e outros objetos oriundos da construção civil. Tudo isso é levado diariamente para a Unidade de Recebimento de Entulhos (URE), onde funcionava o antigo Lixão da Estrutural. Lá, o material bruto é processado pelo SLU em uma unidade de britagem e se transforma no agregado britado – indicado para nivelar estradas, entre outras utilizações. Na imensa área da URE, máquinas não param de trabalhar para dar conta das cerca de 4,5 toneladas que chegam dia após dia de vários pontos do DF.
“Aqui a gente processa esse material para que ele retorne à sociedade em forma de benefício, e não simplesmente vá parar em um aterro”, explica o gerente de Recebimento de Entulhos do SLU, Gustavo Oliveira. “As obras do DF não param. Recebemos muito material da Novacap, DER, obras privadas e também recolhidos pelo nosso órgão nessas áreas de descarte irregular.”
“O cascalho, que também é utilizado, está cada vez mais raro e não se encontra no DF; o RCC substitui esse material”Flávio Araújo, coordenador-geral do GDF Presente
Segundo o chefe de Operações da unidade, Allan Adjuto, o RCC recebe a numeração de acordo com sua granulometria – algo como a dimensão do agregado. Esse índice varia de 1 a 4. com diferentes indicações. O produto usado nas vias de terra, por exemplo , é o classificado com o número 2.
Insumo essencial
Ao fim de um dia de trabalho, em torno de mil toneladas de resíduos estão prontas para ser reaproveitadas. O destino? Órgãos da administração pública, administrações regionais e outros, conforme a demanda. O programa GDF Presente conduz esse material, por meio dos polos, para as vias não pavimentadas da capital. Todas as áreas rurais do DF já receberam o serviço desde 2019.
“É preciso lembrar que o cascalho, que também é utilizado, está cada vez mais raro na natureza e não se encontra no DF; o RCC substitui esse material”, aponta o coordenador-geral do GDF Presente, Flávio Araújo, servidor da Secretaria de Cidades.
“A trafegabilidade das estradas rurais melhora 100% com esse serviço que fazemos, e temos também as erosões”, conta o gestor. “No Sol Nascente, já foram umas cinco atendidas com o material”. Isso, reforça ele, significa poupar a natureza desses resíduos e oferecer melhorias à população, por meio do reúso.