O ano era o de 1956. Brasília se preparava para sair dos croquis de Lucio Costa e, em meio ao cerrado, virar a nova capital do Brasil. Ali, de onde as primeiras máquinas partiram e onde estava a fábrica dos tijolos usados para erguer os prédios monumentais de Oscar Niemeyer na Esplanada dos Ministérios, nascia também um vilarejo. Era a então Cidade Livre, hoje Candangolândia, abrigo dos acampamentos dos candangos – nome pelo qual são conhecidos os operários que atuaram na construção da cidade.
Nesta quinta-feira, a 19ª região administrativa do Distrito Federal completa 66 anos. Com cerca de 17 mil habitantes, a cidade, que conserva ares interioranos, mesmo estando a apenas 13 km do Plano Piloto, somou, em menos de quatro anos, pelo menos R$ 10 milhões de investimentos do Governo do Distrito Federal (GDF).
De janeiro de 2019 a outubro deste ano, a Candangolândia recebeu diversas benfeitorias executadas por meio de recursos próprios do Executivo e de verbas destinadas em emendas parlamentares. Foram reformas de praças, escolas e de pontos emblemáticos da história da cidade, como áreas de esporte, além da modernização na rede de iluminação pública.
Nesses 46 meses, as cinco escolas públicas da Candangolândia foram reformadas, com obras que vão desde a pintura de paredes a trocas de piso e manutenção do sistema elétrico. A reforma se estendeu à Biblioteca Pública – onde atualmente se encontra o cofre usado pelo então presidente Juscelino Kubitschek para guardar o dinheiro pago aos operários da construção de Brasília – e à Feira Permanente, que, com boxes renovados, proporciona conforto aos trabalhadores e a quem consome por lá.
A Praça do Bosque é outro espaço bastante frequentado que está totalmente reestruturado. A quadra poliesportiva coberta teve alambrados, piso e equipamentos substituídos. O espaço também ganhou um campo sintético novo. Em outro ponto da cidade, uma quadra de basquete 3×3 – com 15 m de largura e 11 m de comprimento – foi construída para treinos e competições.
A entrada sul da cidade – em frente à passarela de pedestres da Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) – também passou por obras que incluíram o primeiro ponto de táxi do Distrito Federal. O espaço atendia comerciantes e autoridades e servia de base para levar e buscar pessoas no antigo Aeroporto Vera Cruz.
Administrador regional da Candangolândia, Pablo Valente lembra que 100% da região conta com lâmpadas LED na rede de iluminação pública. “A vantagem de [a cidade] ser pequena nos garante um melhor serviço de zeladoria e uma segurança pública monitorada, sem contar com o fácil acesso ao Plano Piloto e ao aeroporto, com menos problemas de trânsito”, aponta.
Perto de tudo
No primeiro ponto de táxi de Brasília, totalmente reformado pelo GDF, Armando Araújo, 63 anos, descansava enquanto aguardava passageiros para a próxima corrida. Taxista desde 2017, ele é também morador da Candangolândia, região onde viveu entre 1988 e 1992 e para onde voltou em 2013.
Casado e com quatro filhos, dois deles criados na cidade, o maranhense, por muitos anos, viveu do garimpo no norte do país, até que, a caminho de São Paulo, conheceu a Candangolândia e se encantou com o estilo de vida na região. “Aqui é bem perto e fácil de se deslocar para muitos lugares, com uma variedade enorme de linhas de ônibus, inclusive; é uma cidade bem-estruturada, muito melhor do que era antes”, garante.
Quem também gosta de viver na Candangolândia é a costureira Ivana Carvalho, 58. Sentada enquanto costurava em seu ateliê na Feira Permanente, ela diz ter chegado à cidade quando a filha tinha apenas 1 ano – a menina hoje já tem 27. “É uma cidade pequena, perto de tudo; e, pelo tamanho, acho mais seguro e cômodo de morar [aqui]”, conclui.
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