Na série de entrevistas sobre Saúde e Bem Estar, o Correio da Cidade entrevistou o Clínico Geral e Endocrinologia, Dr Pedro Wendel, profissional que atende no Centro Médico Santo Estevão. Na primeira reportagem o médico falou sobre as doenças na glândula Tireoide (CLIQUE AQUI E RELEMBRE). Nesta entrevista, Dr Pedro falará sobre a fibromialgia, doença que provoca dor crônica generalizada.
De acordo com o médico, a fibromialgia é algo que acomete a população em geral, principalmente mulheres e pode ter início desde a adolescência. “A fibromialgia, por sua vez, é uma das possíveis causas e pode ser desencadeada por gatilhos ambientais, psiquiátricos e até virais. Detalhando esses gatilhos, pode-se incluir: trauma emocional ou físico, estresse crônico, histórico de abuso, depressão, ansiedade e hipocondria (medo excessivo sobre estar doente)”, pontou Dr Pedro Wendel.
Leia abaixo a entrevista completa:
Correio da Cidade – Quais os sintomas da doença?
Dr Pedro Wendel - A doença se caracteriza por dor em músculos, tendões e ligamentos, sendo que o ponto mais importante é a ausência de inflamação nesses tecidos.
Correio da Cidade - Atualmente, a Fibromialgia é conceituada como um “distúrbio da sensibilização aumentada do sistema nervoso central (SNC)”. Mas, o que isso significa?
Dr Pedro Wendel - Os pontos sensíveis dos tecidos, na verdade, representam uma desregulação do sistema de dor do cérebro, em vez de doença localizada nos próprios músculos. Essa é uma informação crucial para o estabelecimento do tratamento. Os anti-inflamatórios comuns não se relacionam com melhora continua dos sintomas.
Correio da Cidade – Quais são os sintomas da enfermidade?
Dr Pedro Wendel - A principal manifestação clínica é a dor crônica generalizada em pelo menos 6 locais, que podem incluir: cabeça, braços, peito, abdômen, pernas, coluna vertebral e glúteos. Além disso, existem outros sintomas acompanhantes como: distúrbios do sono, lapsos de memória, fadiga crônica, angustia, depressão, ansiedade, dores de cabeça (cefaleia), sensação de formigamento (parestesias), urgência para urinar, bruxismo dentre outros. Dentre dos achados no exame físico, se encontra a dor excessiva a palpação de determinadas zonas, independente da força utilizada na avaliação.
Correio da Cidade – Como é feito o diagnóstico?
Dr Pedro Wendel - Tendo em vista o diagnóstico, não existe um padrão ouro, sendo solicitados exames para descartar outras possíveis causas de dor crônica generalizada. Logo, desde 1990 existiu uma modificação de critérios clínicos avaliados para o fechamento do diagnóstico. Os critérios principais são: - Seis ou mais locais de dor de um total de nove possíveis - Disfunção do sono moderadas/graves ou fadiga - Tempo de pelo menos 3 meses Além disso, são avaliados pelo profissional médico às características clínicas comuns, consequências neurológicas, psicossociais e histórico de doenças.
Correio da Cidade – Sabemos que a fibromialgia não tem cura. Porém, há tratamentos que promovam uma melhor qualidade de vida para quem precisa conviver com a doença. Quais os tratamentos possíveis?
Dr Pedro Wendel – Realmente a fibromialgia não tem cura, o tratamento se relaciona com a melhoria das atividades funcionais, na qualidade de vida e redução da dor crônica generalizada, fadiga, insônia e outras disfunções. É de extrema necessidade tratar os transtornos do sono e do humor, já que são gatilhos para exacerba são das crises. Os pacientes comumente respondem melhor aos tratamentos multidisciplinares e formação de grupos de auto ajuda. Conforme o relatório EULAR (European League Against Rheumatism), qualificou como evidência forte a prática de exercício físico no tratamento da Fibromialgia, e, sem dúvidas, este dependerá de uma boa base terapêutica inicial. Sair do sedentarismo e estimular o ganho de massa muscular através de treinamento resistido, pilates, Yoga, tai chi, hidroginástica e natação podem ser sugestões interessantes, desde que sejam internalizados de forma gradual. Por outro lado, o tratamento neuro-comportamental também é uma peça chave em conjunto com o controle farmacológico, sendo extremamente necessária a compensação das comorbidades gatilhos, como ansiedade e depressão. Os pacientes com Fibromialgia normalmente são sub-diagnosticados e isso se relaciona com pior a progressão da doença.
Se você ou algum conhecido apresenta os sintomas descritos acima, não perca tempo e procure um médico clínico para uma avaliação e possível tratamento oportuno.
Dr. Pedro Wendel – Endocrinologia e Clínico Geral
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