Uma simples recusa e a a resposta veio em forma de cortes no rosto e golpes de barra de ferro na cabeça. Este foi o pagamento que recebeu o bombeiro civil Heider Souza de Almeida, 32 anos, logo após uma confusão por ter negado dar os “10% do serviço” a um garçom de um restaurante no bairro de Itapuã, em Salvador, na noite desta quinta-feira (12). Depois de ter sido atacado por dois homens, um deles o garçom, Heider ainda teve seus pertences levados pelos agressores.
Heider foi socorrido ao Hospital do Aeroporto, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS). Ele passou por uma cirurgia e teve quatro suturas – três na cabeça e uma no lado esquerdo do rosto. O bombeiro civil teve alta na tarde desta sexta-feira (13) e já registrou ocorrência na 12ª Delegacia (Itapuã). Ele disse que um dos agressores, um garçom, "tem o cabelo trançado e é moreno".
Por telefone, o bombeiro civil contou ao CORREIO como tudo aconteceu. Ele e mais dois amigos tinham acabado de beber em outro lugar e resolveram tomar a “saideira” por volta das 18h um dos bares instalado nos quiosques construídos em frente à 12ª Delegacia, na Rua Aristides Milton.
“Após pegar a conta, paguei minha parte no debito e meus amigos no cartão, mas ele (garçom) queria porque queria que a gente pagasse os 10%, mas a gente não quis porque o atendimento dele não foi bom”, contou Heider. Segundo ele, o bar não estava cheio. “Além de nós, outras cinco pessoas bebiam também”, disse ele.
Confusão | Diante da recusa, o garçom fez ameaças. “Ele pegou algo atrás do balcão e caminhou na minha direção, dizendo que eu ia pagar por bem ou por mal. Quando ele encostou em mim, que percebi que segurava algo, deu não pra ver o que era, me senti ameaçado e o imobilizei com uma gravata”, contou Heider. Os dois caíram no chão e logo em seguida foram separados por outras pessoas.
Com o fim da confusão, o bombeiro civil e os dois amigos saíram do bar. “Meus amigos foram embora de carro, inclusive um deles ficou ferido na mão na hora de desapartar a briga e eu fui embora para casa andando já que moro em Itapuã”, relatou.
Ataque | Heider disse que após dar uns dez passos, percebeu que alguém o seguia e, ao olhar para trás, recebeu o primeiro golpe no rosto. “Não sei o que ele (garçom) usou para me cortar, mas o reconheci pelo cabelo trançando. Meu rosto ficou lavado de sangue e caí mais à frente”, relatou.
O bombeiro civil disse que correu, mas uma segunda pessoa lhe aplicou um golpe com uma barra de ferro na cabeça, que o fez cair novamente. “Era uma outra pessoa, um rapaz branco. Levantei, mas fui ao chão depois de um outro golpe. Corri outra vez e alguém gritava: ‘não corra, não corre’ e fui agredido novamente com a barra de ferro”, detalhou.
Caído, Heider viu quando os agressores pegavam seus pertencer: celular, cartões de crédito e R$ 120. “Foi quando consegui fugir e pedir ajudar”, contou.
Em contato com o CORREIO, o proprietário do bar negou que a confusão tenha começado nas dependências do estabelecimento. Ele também informou que tem o controle do que acontece na casa, e que nenhum funcionário se envolveu em confusão ou cobrou de maneira indevida a gorjeta.
Reprovação | O Sindicato dos Empregados em Hotéis Bares e Similares reprovou o a atitude do garçom. “É o cúmulo do absurdo. O cliente não é obrigado a pagar os 10%, o que hoje é chamado de gorjeta, por conta da Lei da Gorjeta, sancionada no ano passado”, declarou Almir Pereira da Silva, presidente da entidade.
A Lei da Gorjeta, 13.419 define que a gorjeta é um pagamento dado de forma espontânea pelo cliente ao empregado e também aquilo que a empresa cobra, como serviço ou adicional, para ser destinado aos empregados. Ou seja: a lei não torna obrigatória o pagamento da gorjeta, que continua sendo opcional.
Denúncia | “O que acontece é que ainda alguns estabelecimentos impõe a gorjeta como salário do empregado, quando na verdade deveria ser à parte e não a única foram de pagamento”, disse Almir. Segundo ele, o piso salarial de um garçom em Salvador varia entre R$ 970,00 e R$ 1.040,00.
Almir disse ainda que fará uma reclamação ao Ministério do Trabalho Emprego (MTE). “Vamos solicitar que um fiscal vá ao estabelecimento onde ocorreu toda a confusão. É preciso saber se esse garçom passou por uma seleção, se tem antecedentes criminais, se tem experiência ou se ele entrou pela janela, pois a atitude dele mancha a categoria. Nada justifica uma agressão dessa”, finalizou.
Em nota, a Poícia Militar informou que não foi acionada para a acorrência.
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