Você deve lembrar o nome do seu vizinho, daquele parente distante que aparece apenas de vez em quando, ou de um ou outro amigo dos tempos de escola. Mas e do garoto que te pediu alguns trocados na sinaleira do cruzamento da avenida Getúlio Vargas com a com a rua JJ Seabra? Ou daquela moça jogada em frente a alguma loja na avenida Senhor dos Passos? Nem sempre damos atenção a todas as pessoas, assim como nem sempre nos lembramos de quem vive nas ruas. O “Cuidando da Maloca” não.
Despertar nas pessoas que vivem em situação de rua o interesse em cuidar de si mesmas é a proposta do projeto de extensão “Cuidando da Maloca”, desenvolvido por estudantes de Enfermagem – e agora também de Biomedicina – da FTC Feira de Santana, desde setembro de 2017. Nesta terça-feira (17/4), um grupo de alunos realizou mais uma atividade de promoção à saúde, no praça principal do bairro Kalilândia. As pessoas receberam informações sobre parasitoses intestinais.
A iniciativa é da professora Keila Barros, do curso de Enfermagem, que coordena as ações, com suporte da Instituição. Ela avalia a importância do projeto especialmente pela possibilidade de aproximação dos futuros enfermeiros com a população em situação de rua e o aprimoramento daquilo que é absorvido em sala de aula. “Contamos com parceiros nesta caminhada para dar uma melhor qualidade de vida às pessoas que vivem em situação de desabrigo em nossa cidade, como o grupo Sou Ubuntu, a Cáritas Arquidiocesana, o Movimento População de Rua de Feira de Santana e a Associação Cristã Nacional”, enumera.
Mesmo com um tempo curto de atuação, o projeto já conta com histórias interessantes, como a de Mortadela, morador de rua que morria de medo de agulhas. “A gente conseguiu aferir a pressão arterial dele, mas não fazer o teste de glicemia, por conta do seu medo. Então criamos a estratégia de usar a lanceta, que não aparece a agulha”, comenta Keila.
A história de Seu Raimundo também faz parte dos relatos de ações de sucesso do “Cuidando da Maloca” nestes meses de trabalho nas ruas de Feira de Santana. “Ele [Seu Raimundo] é uma pessoa em situação de rua que tinha uma ferida crônica na perna, e por isto somente andava de calças, e tinha um sonho de ir para a praia, mas não o fazia por vergonha da ferida. Tratamos dele e, no último dia do projeto, o encontramos de bermuda e dizendo que iria para a praia com a família”, conta Keila, emocionada pela realização profissional e pessoal. “Muitos podem achar que é pouca coisa, mas para nós do projeto, é um ganho enorme”, conclui.
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