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Ipecaetá: Moradores criam alternativas para sobreviver com a escassez de água potável

E para contar como os moradores criaram alternativas para sobreviver com a escassez do abastecimento de água, a reportagem do Correio da Cidade visitou comunidades rurais mais distantes de Ipecaetá

24/04/2018 às 07h48 Atualizada em 05/05/2018 às 16h53
Por: Correio
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Imagem capa (ilustralçao) - imagens no decorrer do texto (Correio da Cidade)
Imagem capa (ilustralçao) - imagens no decorrer do texto (Correio da Cidade)

O refrão  “Lata D’Água na cabeça”, da canção composta em 1955 por Luis Antonio e J. Junior nunca foi tão atual, em especial para os moradores de localidades mais distantes.

E para contar como os moradores criaram alternativas para sobreviver com a escassez do abastecimento de água, a reportagem do Correio da Cidade visitou comunidades rurais mais distantes de Ipecaetá.

E foi no final do destino da viagem que conhecemos a história do mecânico de 59 anos, Ladislau Pereira da Silva. Ele mora há 1 km após o povoado de Cavunge. Para sobreviver com a falta de abastecimento de água pela Embasa, o mecânico conseguiu o reservatório móvel, o que ele chama de “pipinha”. Comportando 4 mil litros e podendo ser rebocado por um trator, Ladislau busca água nos rios das proximidades de onde mora ou mesmo capta água da cisterna que mandou fazer no quintal de casa e passa a abastecer a casa de vizinhos. “É triste saber que numa época que tanta coisa se desenvolveu e ainda vivemos sem água em algumas localidades”, conta, enquanto prepara seu reservatório móvel para mais uma viagem. “Pegamos água e distribuímos para os vizinhos poderem cozinhar, fazer a higiene da casa e dar o que beber para os animais”, relata.

 Na Rua das Flores, no povoado de Cavunge a dona de casa Maria Silva Reis, de 51 anos conta que tem um reservatório improvisado em casa e fica acordada até de madrugada na esperança de ver a água chegar em sua casa. “Quem mora no início da rua tem água, mas a gente que mora na parte mais alta da região, se quiser ter água no dia seguinte é preciso encher um tanque de madrugadar”, explica, dizendo que cansada de ficar sem o serviço e tendo que pagar as contas de água, decidiu por interromper o contrato com a Embasa. “Deixei cortar o fornecimento de água. Cansei. Agora é esperar o bom tempo de ter condições de escavar uma cisterna ou continuar dependendo de amigos que me consegue alguns baldes de água”, desabafa.

Próximo dali, o Correio da Cidade conheceu a história de dona Geronice Mota, de 39 anos. Ela sobrevive como lavadeira de roupa e sem água, não sabe mais a última vez que ganhou dinheiro com o serviço. “Não dá mais para nem trabalhar sem água. O curioso que as contas nunca param de chegar”, revela.

Na comunidade de Maria Preta, dona Nicemeire,  precisa mandar os filhos tomar banho na casa de vizinhos porque não tem água em casa. “A gente vai reclamar na Embasa e eles dizem que tá tudo normal. Eles não teriam coração de ver nosso sofrimento e por isso deveriam vir aqui”, sugere. “Quem mora em locais distantes sofre sem água”, conta.

Dona Carmem, tem 69 anos e já se sente sem esperança quando o assunto é a solução da água potável nas torneiras de sua casa, às margens da BA 120, que liga os municípios de Santo Estevão a Ipecaetá. “Esse problema existe desde quando vim morar aqui. Ninguém resolve. Se a gente tiver dinheiro para pagar um carro pipa, temos água, mas se não, ficamos com sede”. Para a surpresa de dona Carmem, a conta de água desse mês superou os R$ 120 que paga para ter a casa abastecida pelo carro pipa. “Como podemos pagar tão caro por algo que não temos?”, indaga. Quando o dinheiro não sobra para o carro pipa, dona Carmem percorre um trecho de 4 km para buscar água com uma lata que carrega na cabeça.

Já retornando para Santo Estevão, nossa reportagem conversou com Joel Silva, morador da fazenda Riacho do Cipó. Ele conta como tenta sobreviver sem água em casa. “Improvisamos um tanque, compramos uma bomba hidráulica e ficamos na esperança do reservatório de água encher com a chuva ou quando o carro pipa chega por aqui”, explicou.

Nossa reportagem entrou em contato com a central da Embasa, que garante que o abastecimento segue normal por toda região.

No Juizado de Pequenas Causas, de janeiro a abril, 185 processos foram abertos contra a Empresa de Saneamento Básico. No mesmo período do ano passado esse número era ainda maior: 471processos, cerca de 2,5 vezes mais, o que prova que as reclamações na Justiça diminuíram mas estão um tanto quando distante de acabar.

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