Ao apresentar os planos da sua Pasta para este ano, a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, informou irá fortalecer o turismo de base comunitária e, para isso, vai firmar parceira com os ministérios dos Povos Indígenas e da Igualdade Racial para promover a atividade turística em comunidades indígenas e quilombolas.
Quatro roteiros já foram definidos: nas comunidades indígenas Borari, no Pará, e Raposa 1, em Roraima; na Terra Quilombola Laranjituba e África, também no Pará; e no Quilombo Povoado Moinho, localizado em Goiás. “O objetivo é possibilitar às comunidades tradicionais o desenvolvimento econômico e social por meio do turismo e da preservação da cultura e dos saberes desses povos”, ressaltou.
Daniela Carneiro enfatizou que outra prioridade da atual gestão será a qualificação profissional, principalmente para o atendimento a turistas com deficiência. A pasta já ofereceu, segundo a ministra, curso de extensão em turismo sustentável e boas práticas a 3 mil pessoas. Além disso, oferece quase 4,5 mil vagas de capacitação em parceria com institutos e universidades federais e o Sistema S. Os cursos abordam temas como cozinha brasileira e internacional, agentes de viagens, cerimonial e protocolo para eventos, autismo e inclusão.
A ministra também comemorou os resultados do setor, que já faturou neste ano R$ 54,9 bilhões, com alta de 25,4% em relação ao mesmo período de 2019, último ano antes da pandemia de Covid-19.
Valorização
O deputado Bibo Nunes (PL-RS) disse considerar o turismo uma “super fonte de renda”, mas que, infelizmente, não é valorizada no País. De acordo com o deputado, que pediu a realização da audiência com a ministra na Comissão de Turismo, o setor já representa a maior fonte de renda de países como França e Espanha, e mesmo o Uruguai recebe mais visitantes que o Brasil.
“Nós aqui, com uma população de mais de 220 milhões, tivemos um recorde de 6,5 milhões de turistas estrangeiros, enquanto o Uruguai, um país que tem um terço da população do Rio Grande do Sul, 3,5 milhões, recebe anualmente de 6,5 milhões a 7,5 milhões de turistas porque valoriza o turismo”, lamentou.
Um exemplo claro do descaso com o setor, na opinião de Bibo Nunes, é o orçamento do ministério. Segundo Daniela Carneiro, neste ano, a Pasta conta com apenas R$ 19 milhões em caixa. O deputado ressaltou que o valor equivale a praticamente metade do que apenas um deputado tem direito em emendas ao Orçamento.
Daniela Carneiro relatou que o Ministério Turismo trabalha para expandir o setor. Uma das formas encontradas pela pasta para estimular as viagens seria por meio do aumento das rotas aéreas, tanto nacionais quanto internacionais. A ministra disse que promoveu diálogos tanto com o Ministério de Minas e Energia quanto com a Petrobras para baixar o preço do combustível da aviação. Segundo ela, o trabalho conjunto resultou em queda de 35% do valor do produto, e passagens aéreas quase 18% mais baratas.
Para o deputado Washington Quaquá (PT-RJ), uma forma de estimular o turismo externo seria por meio da revitalização do aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. O parlamentar sugere a compra da empresa aérea estatal portuguesa Tap pelo Brasil e uma parceria com Portugal. O objetivo seria transformar o Galeão em base de voos para África, América Latina e Caribe, enquanto Lisboa se tornaria o entroncamento de conexões para Ásia, Europa e parte da África.