Irá Rodrigues: A escritora de Santo Estevão que conquistou a Europa

Ela entrou no Vaticano com a camisa de Santo Estevão e se emocionou por levar o nome da cidade tão longe. Irá Rodrigues, santoestevense é reconhecida em Portugal pelos seus livros de contos infantis. Além do reconhecimento nas livrarias na terra Lusitana, Irá  se orgulha ao ver seus livros sendo trabalhados em salas de aula.

Desde os 10 anos de idade que Irá tomou gosto pela escrita. Na época, a menina pacata escrevia apenas poesias com tons de tristeza. Ao entrar na fase da adolescência, Irá começou a mudar de estilo em suas poesias e foi aperfeiçoando seu talento, sem mostrar a ninguém os trabalhos, por mera timidez.

Se formou em Geografia pela Uefs e se especializou em Gestão Ambiental pela Uneb, e seguiu carreira como professora na cidade.

O encontro com Caetano Veloso foi um divisor de águas | “Eu lia muito jornal e um belo dia vi uma publicação no Jornal A Tarde sobre um concurso de poesia onde os vencedores iriam ter seu texto declamado por Caetano Veloso”, contou a escritora. Irá conquistou o segundo lugar naquele concurso e sentiu a emoção de assistir um dos maiores compositores da MPB declamar sua poesia no Teatro Castro Alves. “Foi um presente inesquecível”.

Mais tarde, pela internet, conheceu um autor que a convidou para ter uma poesia sua publicada na Revista Arte e Poesia. Mas ainda tímida em ver seus nomes estampados nas publicações, Irá insistia em usar um pseudônimo qualquer. Foi quando uma editora leu sua poesia na revista e a aconselhou a assinar todas os poemas que escrevesse daquele dia em diante.

Em 2008 Irá teve contato com português Joaquim Godinho, escritor literário e revisor de textos. Dias depois, a Editora Studios, de Portugal, entrou em contato com Irá pedindo para editar um livro de sua autoria, batizado como “Sonhos sem segredos”. A escritora conta que aquele era um livro com conteúdo adulto, mas que sua paixão mesmo era vir a escrever para o público infantil. “O livro foi lançado no ano de 2009 e bateu recorde de vendas em Portugal. Ali eu vi que não teria mais como parar”, disse. O sucesso foi tanto que o livro chegou a ser lançado na 3ª edição.

Irá também tem um livro traduzido em Francês. Do mesmo livro, cinco poemas estão sendo trabalhados em salas de aula do ensino médio na Espanha.

Mas no Brasil, a escritora de Santo Estevão [e pede para frisar seu local de nascimento durante toda entrevista] conseguiu realizar seu sonho de ingressar na literatura infantil. Lançou o livro O Passarinho Aventureiro e de cara vendeu mais de 3.500 cópias. O lançamento do livro aconteceu na Uefs – Universidade Estadual de Feira de Santana, onde irá recebeu convites de vários municípios para apresentar o livro. Por conta dessas viagens, duas escolas do município de Bom Jesus da Lapa adotou seu material poético em sala de aula.

Em 2005 Irá lançou o livro “A menina que sonhava voar”,  traduzido em braile em Portugal.

Atualmente Irá está trabalhando com  os  livros mais recentes, intitulados “A galinha que não dormia” e  “Cacá, o peixinho feliz”. Este último já chegou a escolas de Recife, Pernambuco. Mas a escritora conta que seu sonho agora é fazer um evento onde toda venda deste novo livro seja revertida para a APAE de Santo Estevão.

Uma escritora reconhecida e premiada | Irá já coleciona a participação em 35 antologias e assina um livro adulto e cinco infantis. Com seu currículo vasto, foi condecorada como Embaixadora Internacional Monteiro Lobato, além de ter recebido várias honrarias literárias e passar a ser membro da Academia de Letras Seccional de Araraquara, SP e a Academia Mineira de Letras, em Belo Horizonte.

Em sua terra natal, Irá participou em 2017 do projeto de leitura promovido pela secretaria municipal de Educação, incentivando vários jovens escritores locais.

Mês passado, Irá viajou por 30 dias pela Europa, a convite da Editora Studios. Passou pela Espanha, Suiça, Alemanha, Itália e Portugal, país que a abraçou. E foi nessa viagem que, levando na mala uma camisa comemorativa do aniversário da cidade, se vestiu e entrou no Vaticano. “O coração bateu forte ao pisar naquele espaço sagrado levando comigo a marca da minha cidade e chorei de emoção”, finalizou.

 Reportagem | Alysson Ribeiro | Felipe Braga | CORREIO DA CIDADE