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Vai a Plenário nome de Maria Edileuza para Embaixada na Suécia

A Comissão de Relações Exteriores (CRE) aprovou nesta quinta-feira (17) a indicação da diplomata Maria Edileuza Fontenele Reis para chefiar a repre...

17/08/2023 às 14h50
Por: Correio Fonte: Agência Senado
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Maria Edileuza ingressou na carreira diplomática em 1978 - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Maria Edileuza ingressou na carreira diplomática em 1978 - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

A Comissão de Relações Exteriores (CRE) aprovou nesta quinta-feira (17) a indicação da diplomata Maria Edileuza Fontenele Reis para chefiar a representação brasileira na Suécia e na Letônia. A MSF 50/2023 foirelatada pela senadora Margareth Buzetti (PSD-MT). O nome de Maria Edileuza, integrante da carreira diplomática desde 1978, ainda precisa ser votado no Plenário.

A diplomata recebeu 12 votos favoráveis e nenhum contrário, após sabatina promovida pelo colegiado.

Buzetti apontou a importância do Brasil para a indústria sueca. São 220 empresas do país no Brasil, movimentando mais de 30 bilhões de coroas suecas.

— Grandes empresas suecas de renome e atuação mundial têm unidades produtivas em território brasileiro. Essas empresas concentram-se majoritariamente em São Paulo, cidade que é considerada a "segunda cidade industrial da Suécia" — disse a relatora.

Maria Edileuza exemplificou marcas suecas que fazem parte do cotidiano dos brasileiros, como os fósforos Fiat Lux. Segundo a diplomata, a balança comercial entre os países é deficitária para o Brasil, caracterizada pela exportação, no Brasil, de produtos de valor agregado e importação de produtos primários.

— Nosso desafio é reduzir esse déficit de U$ 1,4 bilhão em uma pauta de cerca de U$ 3 bilhões e incorporar itens de maior valor agregado [nas exportações brasileiras]. A embaixadora [da Sécia no Brasil] Karin [Wallensteen] tem expectativas na conclusão do acordo Mercosul-União Europeia como forma de dar impulso — disse a diplomata.

Defesa nacional

Maria Edileuza afirmou que assuntos de defesa nacional ocupam relevante espaço na pauta dos países. Isso se deve tanto em razão de contratos de compra de equipamentos militares brasileiros quanto pela posição estratégica no norte da Europa.

— A mais recente dimensão estratégica da nossa relação é o contrato que foi firmado entre a Força Aérea Brasileira e a Saab [empresa sueca] para a produção de aviões de caça Gripen. Foi acordada a construção de 36 unidades, dos quais 15 seriam construídas aqui no Brasil — disse Maria, referindo-se ao acordo de 2013 que prevê todas as entregas até 2027.

O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) disse que o Brasil pode ter posição privilegiada no acompanhamento dos desdobramentos da guerra da Rússia com a Ucrânia.

— A Suécia, depois de 200 anos sendo um país neutro, está abandonando essa neutralidade. [O país] controla o famoso estreito de Escagerraque, junto com Noruega e Dinamarca, que é o único ponto de passagem e ligação entre o Mar Báltico e o Mar do norte, onde a esquadra russa tem que passar. Ao ingressar na Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte, que a Suécia busca aderir], haverá uma série de pressões que virão do lado da Rússia — disse Mourão.

Tecnologia

Maria Edileuza também afirmou que espera ampliar o intercâmbio de experiências e boas práticas, no conhecimento científico e inovação. Respondendo à senadora Mara Gabrilli (PSD-SP), a diplomata apontou que o desenvolvimento em inteligência artificial para a área da saúde é uma das prioridades.

— Nós temos um grupo diretor de alta tecnologia e inovação que vai realizar sua oitava reunião em novembro em Estocolmo [capital da Suécia]. É uma pauta bastante interessante que tem na sua agenda a cooperação entre os dois países em temas como inteligência artificial, empreendedorismo, bioeconomia, conectividade móvel, bioenergia, entre outros tópicos.

Sobre a Letônia, país báltico que possui representação brasileira compartilhada com a Suécia, a diplomata indicou que agirá de maneira semelhante à do país nórdico.

— A Letônia tem no Brasil a sua maior comunidade na América Latina. Pretendo trabalhar para desenvolver a nossa relação econômica e cultural especialmente replicando iniciativas aplicadas em Estocolmo.

Suécia

Localizado na península da Escandinávia, no norte da Europa, o Reino da Suécia é governado por uma monarquia parlamentarista. Em 2019, o país era sétimo com melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

As relações entre o Brasil e a Suécia têm início ainda na fase imperial brasileira, já que as famílias reais dos dois países mantinham proximidade. Maria Edileuza lembrou que a rainha consorte sueca, Sílvia Renata Sommerlath, é de origem brasileira e fala o português fluentemente, além de visitar frequentemente o Brasil. Atualmente há cerca de 16,8 mil brasileiros no país.

Letônia

Situada ao norte da Europa, a Letônia é uma república parlamentarista e, atualmente, possui uma população de 1,9 milhão de habitantes. O território conquistou a independência em 1990, com a dissolução da União Soviética e com o final da Guerra Fria. Em 1991, o país tornou-se membro da Organização das Nações Unidas (ONU) e, em 2004, da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Em 2022, o comércio entre os dois países resultou em US$ 188 milhões, um aumento de 172% em relação ao ano anterior. O saldo comercial é favorável ao Brasil, em torno de U$ 80 milhões. Os principais produtos brasileiros exportados para a Letônia foram açúcares, café não torrado e minérios concentrados.

Biografia

Maria Edileuza nasceu em 1954 em Viçosa do Ceará (CE). Em 1975, formou-se em comunicação social pela Universidade de Brasília (UnB) e, em 2002, concluiu o mestrado em relações internacionais pelo Centro Studi Diplomatici e Strategici, em Roma.

Atualmente, ela dá seguimento ao curso de doutorado em relações internacionais e diplomacia pela École des Hautes Études en Relaciones Internacionales, em Paris. Em 1982, Maria Edileuza finalizou o curso de aperfeiçoamento de diplomatas do Instituto Rio Branco.

Entre 2014 e 2017, atuou como cônsul-geral em Paris e, depois, tornou-se delegada permanente junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), função que exerceu até 2020. Desde então, ela é embaixadora do Brasil em Sófia, na Bulgária.

Margareth Buzetti foi a relatora da indicação - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
Margareth Buzetti foi a relatora da indicação - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado
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