“A escola é para todos e a gente que vem da trajetória de rua não tem essa visibilidade, de estar dentro da faculdade. Então, é um sonho a gente entrar em uma faculdade, algo público, e ter a visibilidade do seu conhecimento, da autonomia do sujeito. É entrar na faculdade e garantir uma qualidade de ensino, para que possa ter um emprego melhor, mais dignidade”. Com este depoimento, Renny Silva, coordenador do Movimento da População de Rua (Movimento Pop Rua), destacou a importância do Programa Universidade para Todos (UPT) voltado para pessoas em situação de rua.
A aula inaugural da primeira turma do programa foi realizada nesta terça-feira (12), no Centro Estadual de Educação Profissional em Gestão e Negócios Severino Vieira (Ceep), no bairro de Nazaré, em Salvador. Os alunos receberam material didático e fardamento e terão acesso à alimentação escolar. Além disso, há um espaço para acolher os filhos dos estudantes.
De acordo com a coordenadora da Educação de Jovens e Adultos, da Secretaria da Educação do Estado, Carla Nogueira, essa iniciativa contribui para a inclusão do público-alvo. “Tem toda relevância, porque o nosso direcionamento é que a educação alcance todas as pessoas. E esse trabalho que nós estamos realizando mostra que a educação pública alcança a todos efetivamente”, afirmou Carla. Para ela, essa primeira turma, composta por 20 pessoas, tem a intenção de mostrar, na prática, que é possível fazer uma educação efetiva para todas as pessoas. Uma educação pública, de qualidade, com todos os desafios impostos por este público. “É outro olhar, outra dinâmica, mas que nos ensina a lidar com a diversidade dos sujeitos”, completou a coordenadora.
O projeto é uma parceria da Secretaria da Educação (SEC) com a Defensoria Pública do Estado (DPE) e o Movimento da População em Situação de Rua (Movimento PopRua), e busca oportunizar o retorno à escola; proporcionar novas expectativas de futuro; e preparar esses jovens e adultos para processos seletivos de ingresso ao Ensino Superior, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O defensor público Armando Fauaze explica a participação da DPE na iniciativa. “A Defensoria tem a participação colaborativa em busca da identificação dos alunos, para que tenham a oportunidade de crescimento e, quem sabe, conseguir um emprego e voltar a ter uma vida digna, se reintegrar à sociedade”.
As aulas serão ministradas por professores monitores da Universidade de Estado da Bahia (Uneb), uma das instituições parceiras do UPT. Também fazem parte a Uesc, Uefs e Uesb, além da UFRB. As atividades serão realizadas durante três dias na semana.
O professor José Bites, assessor da Coordenação de Programas Estratégicos da Secretaria estadual da Educação, destaca a relevância desta ação. “O programa é voltado para o fortalecimento da aprendizagem dos egressos, aqueles estudantes que concluíram o ensino médio, como também dos que estão concluindo, no sentido do fortalecimento e do aumento da possibilidade de passar nos processos seletivos e adentrar as universidades, que é o objetivo de todos nós: ter uma formação cidadã e profissional”, afirmou Bites. Segundo ele, o programa vem se articulando com comunidades mais vulneráveis, no sentido de implementar turmas da Universidade para Todos. “Nessa ação inclusiva, formamos essa turma para que essas pessoas tenham oportunidade de desenvolver habilidades, consolidar uma formação e participar de processos seletivos”, concluiu.
Estão previstas novas turmas do curso. Para isso, está sendo feita uma articulação entre a Defensoria Pública e o Movimento da População em Situação de Rua.
Repórter Anderson Oliveira
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