O número de mortos em dois atentados executados na sexta-feira (13) contra alvos políticos no Paquistão - um comício eleitoral em Mastung (sudoeste) e o comboio de um candidato perto de Bannu (noroeste) -, aumentou para 132, informaram as autoridades, às vésperas das eleições legislativas de 25 de julho.
Em Mastung, a cerca de 40 km de Quetta, capital do Baluchistão, uma explosão sacudiu um complexo onde ocorria um comício, informou Saeed Jamali, funcionário do governo local.
Segundo o balanço mais recente, do ministro do Interior da província, Agha Umar Bungalzai, 128 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas no atentado, que foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI) por meio de sua agência de propaganda, Amaq.
A retirada das vítimas teve que ser feita em grande parte em meio à escuridão, devido à falta de luz, constatou a AFP no local.
Entre os mortos em Mastung estavam um agente da Inteligência paquistanesa e o provável alvo do ataque, o candidato ao cargo de deputado pelo Baluchistan Awami Party (BAP), Mir Siraj Raisani, que organizou o encontro.
Este foi o segundo atentado cometido nesta sexta contra um evento político no país, em meio a um clima pré-eleitoral tenso.
Horas antes deste violento ataque, uma bomba escondida em uma motocicleta matou quatro pessoas ao explodir na passagem do comboio de um candidato eleitoral perto de Bannu, no noroeste do país, segundo a Polícia.
Violência sem trégua
Na noite de terça-feira (10), um atentado suicida reivindicado pelo Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP, Movimento dos Talibãs Paquistaneses) dirigido a um comício eleitoral do partido Awami National Party (ANP), em Peshawar (noroeste), matou 22 pessoas, incluindo um político local, Haroon Bilour, de acordo com um balanço revisado.
"As autoridades paquistanesas têm o dever de proteger os direitos de todos os paquistaneses durante este período eleitoral: sua segurança física e sua capacidade de expressar livremente suas opiniões políticas, independentemente de qual partido eles pertençam", reagiu Omar Waraich, vice-diretor para a Ásia do Sul para a Anistia Internacional.
O Exército paquistanês indicou no início desta semana que planejava a implementação de mais de 370.000 homens para garantir a segurança no dia das eleições.
Ex-premiê é detido ao voltar
Neste contexto eleitoral violento, o ex-primeiro-ministro paquistanês Nawaz Sharif, condenado à revelia a dez anos de prisão por corrupção, chegou ao Paquistão, onde foi detido.
O ex-chefe de governo e sua filha, Maryam, foram condenados, respectivamente, a dez e sete anos de prisão na sexta-feira passada, quando estavam em Londres, onde a mulher de Sharif faz tratamento para um câncer.
Segundo imagens da TV paquistanesa, o avião em que os dois viajavam, procedentes de Abu Dhabi, aterrissou em Lahore.
Cantando e dançando, uns 15.000 simpatizantes se alinharam na Mall, a principal avenida de Lahore, para aguardar a chegada de Sharif, informou um jornalista da AFP no local.
Lahore é capital da província de Punjab, a mais populosa do Paquistão e um reduto do PML-N.
Sharif e a filha "foram detidos" pelas autoridades anticorrupção e levados a Islamabad, segundo um comunicado da Prefeitura da capital paquistanesa.
"Sei que (...) vão me levar diretamente para a prisão", declarou Sharif em um vídeo difundido na sexta por seu partido, no qual aparece sentado em um assento de avião.
"Quero dizer aos paquistaneses que o fiz por vocês (...) Caminhem comigo, juntem suas mãos às minhas e vamos mudar o destino do país", afirmou Sharif, ainda muito influente no país.
A condenação, que seu clã denomina de "política", aumentou as tensões antes das legislativas de 25 de julho neste país, que o PML-N, no poder desde 2013, espera vencer.
Uma exasperação acentuada na quinta-feira, quando o irmão de Nawaz e líder do partido, Shahbaz Sharif, afirmou que "centenas de militantes" do PML-N foram detidos nos últimos dias para impedir que vão expressar seu apoio a Sharif.
Nawaz Sharif foi destituído pelo Supremo Tribunal do cargo de primeiro-ministro em julho de 2017, depois que ter vindo a público que sua família possui luxuosos imóveis por meio de holdings off-shore.
Uma corte paquistanesa proibiu-o mais tarde de comandar o partido e participar de comícios por toda a vida. Seu clã nega que tivesse cometido desvio de verbas e assegura que Nawaz Sharif é vítima de uma conspiração urgida pelo poderoso exército paquistanês.
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