O médico Denis Cesar Barros Furtado, conhecido como "Doutor Bumbum", foi preso na tarde desta quinta-feira dentro do centro comercial Barra Space Center, na Avenida das Américas, na Barra da Tijuca. Ele foi preso junto com a mãe, Maria de Fátima Barros Furtado, por policiais do 31º BPM (Barra da Tijuca) a cerca de 7 Km do condomínio onde mora, também na Barra. Os dois são suspeitos de envolvimento no procedimento que causou a morte a bancária Lilian Calixto, de 46 anos, e estavam foragidos desde domingo. Denis e Maria de Fátima foram levados para a 16ª DP (Barra da Tijuca).
- Eles já haviam negociado a apresentação, que aconteceria às 16h. Agora eles serão ouvidos, recolhidos. Vou cumprir o mandado de prisão. Eles não vão para Benfica, ainda tem muita coisa a ser esclarecida. Foi um desfecho satisfatório. A Polícia Milita e a Polícia Civil deram uma resposta rápida - afirmou a delegada, que vai indiciá-los por homicídio qualificado e associação criminosa.
Os policiais militares chegaram ao médico após receberem informações do Disque-Denúncia. "Doutor Bumbum" e a mãe estavam no escritório do novo advogado dos dois, Marcus Cezar Braga. Mais cedo, policiais do 10º BPM (Barra do Piraí) tinham feito uma busca em Vassouras, no Sul Fluminense, atrás da dupla. Os agentes foram a uma fazenda e a um hotel na cidade, ambos de propriedade do empresário Carlos César Matoso Furtado, pai de Denis. Ele disse que o filho esteve na cidade na quarta-feira, dia 11. Os PMs tinham ainda a informação de que o médico teria comprado um Fiat Punto branco numa concessionária em Vassouras.
A namorada do "Dr. Bumbum", Renata Fernandes Cirne, de 19 anos, foi presa no domingo, após a morte da bancária. Ela foi transferida nesta quarta-feira (18) para o presídio de Benfica. Renata também é acusada de ter participado do procedimento que terminou com a morte de Lilian Calixto.
Nesta quinta-feira, o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) cassou o registro do médico em um processo ético-profissional. A decisão ainda deve ser submetida ao Conselho Federal de Medicina (CRM), e cabe recurso. Em março de 2016, o “Doutor Bumbum” foi alvo de uma interdição cautelar para o exercício da profissão, a qual foi suspensa três meses depois pela Justiça. O CRM-DF informou que o processo é sigiloso e não deu detalhes sobre o caso. O médico também tem registro profissional no CRM de Goiás.
RELEMBRE O CASO
Lilian Calixto morreu na madrugada do último domingo, horas após ser submetida a um procedimento estético para aumentar o glúteo, realizado em uma cobertura na Barra da Tijuca. Segundo parentes, a vítima saiu de Cuiabá, no Mato Grosso, no sábado, dia 14, para realizar as aplicações de silicone com Denis. O procedimento teria custado R$ 20 mil.
Após a intervenção, a bancária teve complicações e foi encaminhada pelo próprio médico para um hospital particular, também na Barra, aonde chegou ainda lúcida, mas com taquicardia, sudorese intensa e hipotensão.
Ela teve quatro cardiorrespiratórias e não resistiu. A hipótese inicial levantada sobre as causas da morte seria embolia pulmonar, devido à aplicação de produto sintético.
O médico teria usado a substância PMMA na bancária. A sigla significa polimetilmetacrilato, material parecido com plástico, composto por microesferas e utilizado para fazer preenchimentos corporais e faciais. O produto é aprovado pelo Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas indicado para situações pontuais e em pequenas quantidades.
A ENFERMEIRA
A enfermeira Wanessa Ribeiro Reis, de 26 anos, que trabalhou por um período de 5 meses com o Doutor Bumbum resolveu quebrar o silêncio sobre a maneira que o médioco trabalhava. Segundo ela, Denis ficava com parte do produto que vendia a clientes. E que ele e a mãe, Maria de Fátima Furtado, chegaram a ser expulsos de um hotel em São Paulo após transformar o quarto onde estavam numa clínica improvisada.
Sem carteira assinada, ela recebia um salário de R$ 3 mil mais comissão sobre a captação de novos pacientes.
— Com o tempo, passei a notar que ele ficava com parte dos produtos que aplicava nas pacientes. No início, até achei que era normal, mas depois comecei a ver que isso sempre se repetia. Ele vendia 500ml de metacril, por cerca de R$ 10 mil, e aplicava 300ml. O restante do produto, ele vendia novamente para outras clientes — conta a ex-funcionária.
A profissional também passou pelo procedimento de aplicação do produto:
— Fiz e me arrependo muito. Ele dizia que iria ajudar na divulgação do trabalho dele. Fiquei com as nádegas completamente deformadas e muito inflamadas. Ele disse que isso é normal em alguns casos. Tive, inclusive, que fazer um procedimento para tirar parte do produto.
Ela também conta que Denis usava algumas estratégias para conseguir convencer as pacientes a fazerem a bioplastia com ele:
— Fazia uma pressão para as pacientes fecharem com ele os tratamentos, chegava a deixá-las por horas na clínica tentando convencer. Por inúmeras vezes, eu presenciei reclamações de pacientes que tiveram complicações.
Mín. 19° Máx. 34°