Parece não ter fim o dilema para quem depende dos serviços oferecidos pela EMBASA – Empresa Baiana de Saneamento Básico para moradores de diversos bairros e comunidades rurais em Santo Estevão.
Esse pesadelo que se estende desde a instalaçao das redes na cidade , vem tendo novos capítulos diários, porem sempre repetidos, com a falta de abastecimento regular de agua nas casas dos munícipes desta cidade.
A imagem acima, registrada pelo fotógrafo Otto Ribeiro, retrata o paradoxo da falta d’água em diversos pontos no município: de um lado, o maior rio da região, responsável pelo abastecimento em Santo Estevão e diversas outras cidades e do outro, o drama das donas de casa que precisam usar baldes para buscar água longe de casa.
O Correio da Cidade recebeu uma série de chamados e, mais uma vez, foi conferir de perto como está a situação desses moradores que enfrentam a falta de água potável nas torneiras, vez que o fornecimento continua precário.
Na Rua Quintino Bocaiúva, entre o bairro do Salgado e o Alto do Porrão, a situação é de muita revolta entre os moradores. Segundo afirmam, chegam a passar semanas sem ver a água cair nas torneiras.
Na comunidade do Lamarão, os relatos são os mesmos. “Aqui na Fazenda Lamarão está uma precariedade a vários dias e quando chega a água não demora nem uma hora caindo e o fornecimento é interrompido novamente”, conta a estudante Bianca, que mora com os pais na comunidade. “A opção que temos é tentar conseguir água com vizinhos que tem cisternas, mas nosso desespero que com a época de estiagem, esses poços irão secar também”, conta.
Na comunidade do Paiaiá, encontramos a lavradora Maria de Lourdes Pires da Silva, de 70 anos, que conta como enfrenta sol e poeira para tentar achar água para seu consumo. “Todos os dias, na hora de lavar os pratos e arrumar a casa, preciso andar mais de 2 quilômetros a pé para buscar água na casa de uns parentes. Enfrento sol e muita poeira e a água já chega em casa imprópria para beber. Estou comprando vasilhames de água mineral”, relata.
No bairro Alto do Porrão, no centro de Santo Estevão, moradores relataram que na maioria das vezes a água só chega na madrugada. “Em nossa casa tivemos que comprar um reservatório e água só cai pela madrugada e raramente isso ocorre. Durante o dia ficamos é sem água mesmo”, contou a estudante Samielly.
Na Avenida Rio Branco, a dona de casa Carine Nogueira conta que os moradores leva ume semana para ver pouca água caindo. “A situação é sempre assim. A água chega tão fraca que mal dá para fazer reserva. Nos finais de semana não cai absolutamente nada de água”, lamenta.
“Na minha casa, que fica próximo ao campo de Norato, na estrada que liga Santo Estevão ao Sítio do Aragão não cai água durante a semana. E raramente quando cai é de madrugada e é insuficiente pra encher nosso reservatório que fica no chão”, conta a moradora Ely Lopes. “Eu tenho bomba e isso ajuda levar a pouca água que cai no reservatório para o tanque principal, já os vizinhos sofrem mais ainda que eu porque não tem bomba”. Ely conta que a rede que deveria fornecer água para seus vizinhos não tem dado conta do serviço. Ela conta que para sobreviver, as pessoas tem que ir buscar nas casas vizinhas. “A sorte que na zona rural ainda tem muita gente com poço artesiano”, explicou.
A dona de casa Neide Viera conta que no bairro Caminho do Oeste, onde mora, a situação é dramática. “Aqui na Rua Arquimimo Nery de Souza, onde moro, precisamos sempre recorrer aos vizinhos em busca de água para lavar roupas, cozinhar e arrumar a casa. Já cheguei a levar água daqui do meu trabalho para casa porque lá não tinha”, lembra.
Os mesmos problemas também são registrados no Conjunto Orlando Santiago, também conhecido como bairro Mutirão e na Fazenda Lagoinha. Paulo Serra, que tem uma chácara nesta última comunidade rural, diz que a situação é lamentável. "Não há água nas torneiras de casa com frequência, passamos a maioria dos dias da semana sem água. A conta chega normalmente", contou.
Procurada por telefone pela equipe de reportagem do Correio da Cidade, a direção da Embasa não quis falar sobre o assunto. Um funcionário que não quis se identificar, disse que a empresa está buscando melhorar os serviços, mas que reconhece que muitas localidades passam por problemas com a falta de abastecimento.
Reportagem: Correio da Cidade
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