Um estudante de 18 anos, do Instituto de Educação Gastão Guimarães, em Feira de Santana, foi apresentado no Plantão Central do Complexo de Delegacias, no bairro Sobradinho, na tarde da última segunda-feira (25), por policiais militares da Ronda Escolar da 64ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM).
Segundo a polícia, é ele suspeito de causar pânico no colégio ao compartilhar uma mensagem no WhatsApp informando que iria acontecer uma chacina na escola na tarde de ontem (25). A condução do estudante até a delegacia teve o apoio da Rondesp Leste. As aulas foram suspensas.
Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade
O soldado PM Eduardo informou ao Acorda Cidade que a polícia foi acionada pela professora Érica Almeida, vice-diretora do colégio.
“Quando chegamos ao colégio ela passou a situação para a gente, depois chamou o aluno e ele confessou a situação dizendo que fez apenas uma brincadeira, e que estava arrependido. Na mensagem compartilhada, além de alguns palavrões, alguém disse que ia matar geral. Por causa da mensagem alguns alunos não chegaram nem ir ao colégio hoje a tarde. O aluno saiu repassando a mensagem para outras pessoas. No Sul da Bahia também teve uma situação como essa. A vice-diretora do Gastão nos acionou e chegamos com menos de cinco minutos”, disse.
Aluno diz que queria fazer um alerta
Ao Acorda Cidade o estudante disse que recebeu uma mensagem anônima e repassou aos colegas pra fazer um alerta. Ele destacou que jamais teria coragem de praticar algo semelhante ao que ocorreu na Escola Rui Brasil na cidade de Suzano, em São Paulo, no dia 13 deste mês quando dois ex-alunos, de 17 e 25 anos, entraram na escola, encapuzados e armados, e promoveram um ataque que resultou na morte de sete pessoas – cinco estudantes e duas professoras.
“Eu avisei ao pessoal sobre a mensagem anônima, mas não esperava que chegasse ao colégio todo. Passei para meus colegas. Estudo aqui há um ano. Ela me chamou para a diretoria, mas eu não sabia o motivo, depois começaram a me fazer a várias perguntas. Não cheguei a explicar a mensagem. Jamais faria algo assim, sabendo que os pais iriam sofrer a morte de seus filhos. Enviei a mensagem dando um alerta para tomarem cuidado”, declarou o aluno do 1º ano do ensino médio.
Questionando pelo Acorda Cidade se ele conhece a pessoa que enviou a mensagem, ele disse que não conhecia.
A vice-diretora contou que duas colegas da turma dele foram a diretoria informar sobre a mensagem.“Elas informaram que alguém tinha divulgado uma imagem ameaçadora no grupo e elas ficaram com medo e vieram falar conosco. A mensagem dizia que iria acontecer uma chacina na escola. As meninas ficaram com medo, ficaram muito nervosas, e fomos abordar o aluno e chamamos a Ronda Escolar. Ele disse que foi uma brincadeira e que tinha recebido a mensagem de outra pessoa. Alguns alunos ficaram preocupados, outro não vieram para a escola. Ele é um estudante tranquilo nunca participou de nenhuma situação de violência na escola, e estuda aqui desde o ano passado”, destacou a vice-diretora.
Celular apreendido
O delegado Roberto Leal, coordenador regional de polícia (1ª Coorpin), disse ao Acorda Cidade que o estudante foi ouvido na delegacia com outras pessoas e que foram feitas buscas na casa do jovem. O delegado informou também que o celular dele foi apreendido e que será investigado se o texto da mensagem foi produzido por ele ou de fato foi de outra pessoa.
“A família autorizou que fossem realizadas buscas na residência dele. No quarto dele não havia qualquer objeto que indicasse arma de fogo ou publicações que indicassem que ele estaria em ato preparatório para algum crime. Ele explicou que teria recebido aquela informação e repassado aos colegas, inclusive quando ele repassou ele fez essa referência dizendo que tinha recebido e que era para as pessoas ficarem cientes de que havia aquela ameaça. Agora vamos investigar para saber se o texto da ameaça foi produzido por ele ou se recebeu de alguma pessoa. Vamos apreender o celular dele e compor a investigação. Temos que ficar preocupados com esse fato em virtude do que ocorreu em outras cidades”, informou o coordenador de polícia.
Acompanhamento psicológico
O delegado Roberto Leal disse que o estudante vai passar por acompanhamento psicológico e que foi liberado após ser ouvido.
“Vamos procurar saber sobre o comportamento dele, se de alguma outra forma ele já tinha ameaçado, se já tinha algum indício de que ele poderia fazer algum ato neste sentido. Ele vai ser acompanhado por um tratamento psicológico, isso terá que ser acompanhado para que no laudo seja juntado esse procedimento para que a gente tome outras decisões. A versão dele é de que ele queria alertar aos colegas, mas como na investigação não podemos descartar nada, ele vai ser ouvido e liberado porque não há nenhuma conduta que indique alguns crimes. Vamos dar essa resposta à sociedade porque sabemos que existe uma preocupação dos pais da escola e de outras escolas, mas a gente sabe que alguns jovens tomam essa atitude sem medir as consequências, às vezes até para chamar a atenção e isso também temos que levar em conta. No entanto, não vamos descartar nenhuma hipótese e vamos acompanhar esse indivíduo durante todo o tempo que for necessário”, concluiu.
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