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Mulher faz denúncia por racismo após ser acusada de furtar creme em farmácia de Salvador

Ela estava na praça de shopping quando um funcionário da farmácia onde ela havia entrado duas horas antes a abordou e a acusou de furto.

07/05/2019 às 11h40
Por: Wesley Gomes Fonte: G1
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Foto: Reprodução/Facebook
Foto: Reprodução/Facebook

Uma moradora de Salvador denunciou por racismo um funcionário de uma unidade da rede de farmácias Drogasil, localizada dentro do Salvador Shopping, após ter sido abordada e acusada de furtar um creme preventivo de assadura no estabelecimento comercial.

Maria Angélica Calmon, 54 anos, que atua como assessora de formatura e eventos, usou as redes sociais para desabafar sobre o ocorrido e relatou o caso em entrevista ao G1, nesta terça-feira (7). Ela acredita que tenha passado pela situação pelo fato de ser negra.

O caso ocorreu em 17 de abril, mas Maria Angélica contou que só trouxe a história à tona depois por ter ficado abalada psicologicamente e não ter tido coragem de divulgar o ocorrido antes.

"Eu entrei na farmácia para me encontrar com minha filha, minha mãe e minha neta, que já estavam lá dentro. Minha mãe tem problemas cardíacos e é hipertensa, e tinha ido lá para comprar remédios. Enquanto elas pegavam os medicamentos, eu fiquei olhando a farmácia, vendo alguns hidratantes. Depois que elas pagaram, saímos e fomos para a praça de alimentação", destacou.

Cerca de 2 horas depois, segundo Maria, o funcionário da farmácia foi atrás dela na praça do shopping e a acusou de furto.

"Eu estava na praça principal com minha neta, que estava um parque infantil, e ele me abordou, duas horas depois. Achei inicialmente que era uma pegadinha, uma brincadeira de mau gosto. Mas ele disse que era sério, que tinha me visto nas câmeras de farmácia furtando um creme. Eu, então afirmei que aquilo era uma calúnia".

A mulher contou ter relatado ao funcionário que estava usando um turbante na cabeça e que não teria como ele confundi-la com outra pessoa. O homem, no entanto, continuou com a acusação. Ela afirma que decidiu, então, jogar no chão tudo que estava dentro da bolsa dela, para provar que não tinha furtado nada.

"Como minha mãe e minha filha estavam em outro lugar quando ele me abordou, e eu estava apenas com minha neta, eu pedi a uma mulher que estava na praça para ser testemunha, enquanto eu esvaziava a bolsa. Joguei tudo no chão para ele ver que não tinha nada. Só faltou eu tirar a roupa. Ele viu que realmente eu estava certa e depois ainda disse que eu não precisava fazer aquilo tudo, e saiu correndo", afirma.

Queixa no shopping e na delegacia

 

 

A cliente conta que começou a gritar e que um segurança do shopping foi ao encontro dela para saber o que tinha acontecido. Depois, ela conta que foi orientada pela mulher que testemunhou o momento que ela esvaziou a bolsa a prestar uma queixa na unidade de atendimento ao cliente do shopping.

"Fui no centro de atendimento ao cliente e depois na delegacia. A gente não pode ficar calado diante dessas situações. Eu não tenho inimigos, mas se tivesse, não desejaria que passasse por um vexame desses. Quando eu comecei a gritar, um segurança veio, mas também não fez nada, nem foi atrás do funcionário da farmácia. Ele [o funcionário] não teve nenhuma decência mesmo diante da minha neta, que ficou traumatizada com tudo aquilo e agora tem medo até de entrar em farmácias", destaca.

"O que ele [o funcionário] queria mesmo era me humilhar na praça. Se eu fosse uma mulher branca, ele não me abordaria do jeito que abordou. Ele achou que ia ficar impune, mas não vai. Sou uma pessoa simples, que não tem intenção nenhuma de fazer nada a ninguém que não seja justo. Fiquei um tempo abalada e depois decidi externar isso. Fiz relato no Facebook para que as pessoas saibam, e casos como esses não ocorram mais. O denunciei por calúnia e racismo", destacou.

Shopping diz lamentar e que prestou assistência

O Shopping Salvador informou, também por meio de nota, que lamenta o fato relatado pela cliente.

"A administração reforça que prestou assistência imediata e está acompanhando a situação junto à loja desde que a ocorrência foi registrada no Centro de Atendimento ao Cliente, seguindo à disposição das autoridades para esclarecimentos".

A administração do shopping disse, também, que repudia qualquer atitude discriminatória por parte de lojistas e colaboradores.

"O empreendimento é, inclusive, uma referência por desenvolver ações de combate ao racismo, tendo recebido por quatro anos consecutivos o Selo da Diversidade Étnico-Racial, concedido pela Secretaria da Reparação da Prefeitura de Salvador como um reconhecimento público de ações de promoção da equidade racial nas políticas de gestão de pessoas e marketing".

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