O Atlas da Violência dos Municípios, divulgado nessa segunda-feira (5), traz para o topo da criminalidade na Bahia duas pequenas cidades – Suabara (praia de Cabuçu) e Tanquinho – que antes passavam longe de qualquer ranking, seja em que área for.
E quem as colocou em evidência foram as disputas pelo domínio do tráfico de drogas entre as facções, o que vem ocorrendo há pelo menos cinco anos. Em terceiro no ranking, aparece a cidade de Simões Filho (Região Metropolitana de Salvador), que há anos é destaque no Atlas pelo mesmo motivo de Saubara e Tanquinho.
Elaborado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro da Segurança Pública (FBSP), o Atlas da Violência, com dados de 2017, aponta que Saubara tem taxa de homicídios de 125,8 por cada 100 mil habitantes, Tanquinho, 123,8 e Simões Filho, 119,9.
Pela Organização das Nações Unidas (ONU), a taxa aceitável é de 10 mortes para cada 100 mil habitantes.
Das facções citadas no estudo, são duas as que atuam na região de Saubara (no Recôncavo baiano), e o problema é localizado em dois distritos praianos: Cabuçu, área de atuação do Bonde do Maluco (BDM), e Bom Jesus dos Pobres, onde está presente a Katiara.
A cidade de Saubara tem pouco menos de 12 mil habitantes e passou a ser alvo de traficantes com a busca de moradores de Feira de Santana - base de atuação da Katiara - pelas praias do local, até há uns dois anos consideradas pacatas.
Os traficantes viram no movimento veranista uma oportunidade para expandir os negócios ilícitos e passaram a criar pontos de tráfico, inicialmente com a Katiara, que dominava Cabuçu e Bom Jesus dos Pobres, depois com o BDM, que, após uma guerra do tráfico, conquistou locais de vendas de entorpecentes da Katiara.
Uma professora que mora em Salvador e teve imóvel invadido ano passado em Cabuçu, com prejuízo de R$ 3,5 mil, informou que este ano ela e os parentes nem foram ainda à residência por medo dos traficantes. “Tem 45 anos que temos essa casa e nunca tinha ocorrido isso”, afirmou ela.
Outro lado
A Secretaria de Segurança Pública, em nota, diz que “desconhece a metodologia utilizada pelo Atlas da Violência publicado esta semana, já que os dados apresentados pela pesquisa não condizem com números registrados” e que “diferente do divulgado, em Salvador, foram contabilizados 1.346 casos de homicídio no ano de 2017, menos 530 casos”.
Diz também que “há discrepância nos números apresentados pela pesquisa sobre os municípios de Simões Filho, Porto Seguro e Lauro de Freitas. Essas e as demais estatísticas criminais estão disponível no site da instituição (www.ssp.ba.gov.br)”.
A SSP afirma que “que a redução dos crimes violentos letais intencionais na Bahia ocorre desde 2017, com destaque para 2018 com o menor número dos últimos seis anos, e segue em declínio até o primeiro semestre de 2019”.
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