O deputado Alexandre Frota declarou, em entrevista à Folha publicada hoje (16), que a cadeira de presidente ficou grande para Jair Bolsonaro, que seria "um idiota ingrato que nada sabe". Ele se mostrou arrependido de ter ajudado a eleger o mandatário.
"Bolsonaro não é burro, senão ele não chegaria onde chegou, mas é um idiota ingrato que nada sabe. Aquela cadeira de presidente ficou grande para ele e ele se lambuzou com o mel da Presidência. Bolsonaro se mostra, muitas vezes, infantil. Ele não está preparado para o cargo para o qual foi eleito, para o qual eu, infelizmente, ajudei a elegê-lo. Eu acreditava, assim como milhões de brasileiros, que ele realmente pudesse fazer a diferença, mas não foi isso que encontrei lá. Ele acredita nas verdades criadas, nas próprias fantasias dele", disse Frota.
Para ele, o estopim para a sua expulsão do PSL foi a discordância em relação ao governo.
"Não disse amém e é preciso dizer amém. Mas não tive e não tenho medo do governo do Lula, do PT, não terei medo do governo Bolsonaro, entende? Foram vários os fatores, mas o fato de falar a verdade incomodou muito, de criticar quem não gosta [de ser criticado] e não está preparado para as críticas. Isso pesou muito para o Bolsonar", afirmou.
Frota ainda disse que, como presidente, Bolsonaro está devendo diplomacia e respeito.
"Ele nada sabe sobre isso, ele não gosta de ouvir, é inseguro, medroso e caricato. Bolsonaro não foi ninguém no Exército, saiu expurgado de lá, não foi brilhante, ou estou errado? Não estou. Eu, como ator pornô, dei mais certo do que ele no Exército. Bolsonaro está fazendo parte de uma matilha cultural e social de extrema-direita, que assim como a esquerda, que durante muito tempo trabalhou isso, acham que vão dominar o país. E aí entram com as agressões, com as humilhações aos aliados, aos amigos, aqueles que o ajudaram a levá-lo à Presidência da República", completou.
O deputado lembra que o presidente tinha um discurso de que soldado ferido no Exército dele não ficaria para trás, mas que não foi cumprido.
"Ele deixou vários para trás, a começar pelo Magno Malta, o [Gustavo] Bebianno, o Julian Lemos, que se entregaram para a campanha dele, abriram mão de fazer suas campanhas e correr por suas vidas para poder eleger o Bolsonaro", declarou.
Frota disse que tem impressão de que Bolsonaro não saiu da campanha e acha que o Palácio é um palco.
"Ele tem que levantar as mãos para o céu por ele ainda ter do lado dele o Paulo Guedes, o Sergio Moro. Mas o castelinho de areia uma hora vai ruir e ele vai ficar perdido como um cachorrinho vira-lata numa montanha de lixo. Infelizmente, o seu governo não apresenta propostas, vive de momentos, de insights. Sair do PSL, para mim, foi receber uma carta de alforria, foi me libertar da ditadura bolsonarista. Saí com muito orgulho e pela porta da frente", finalizou o parlamentar, que já recebeu convites de sete partidos, entre eles o PSDB, que está inclinado a aceitar.
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