Ela não dá um pingo de trabalho. Rita de Jesus, ou simplesmente Ritinha Fechação, como é conhecida, extravasa felicidade todos os dias na tela dos smartphones de seus mais de 5 mil seguidores reais, mas poucos sabem a sua história de dor e luta ao longo de seus 46 anos de vida.
Seja dançando, fazendo publicidade ou narrando com alegria o seu cotidiano, a dona dos jargões “bem menininha”, “bagaçada” e “não dá um pingo de trabalho”, esconde por trás de toda irreverencia, um passado envolto de fome e muita dificuldade na vida.
Nascida em Ipecaetá, veio morar em Santo Estevão aos 10 anos de idade. Quando se mudou para cidade, sua primeira casa foi um barraco de lona. Mãe de 5 filhos – hoje todos casados – Ritinha conta que passou muita fome até ver sua vida ir melhorando aos poucos. “Tinha dias que só tinha farinha e chá de capim santo para dar aos meus filhos para comer”, conta em tom emocionado. Sem ver uma luz no fim do túnel, resolveu deixar as crianças com vizinhos para buscar trabalho.
Seu primeiro emprego foi como diarista, e o pouco que ganhava comprava todo de comida para seus filhos. Com seu jeito espontâneo, começou a ganhar doações de amigos para construir uma casa onde mora até hoje. No início tinha um cômodo apenas e um terreno no fundo da casa era usado como banheiro improvisado.
Há um ano e meio, ao começar a acessar a internet, descobriu no Instagram o perfil do comediante Carlinhos Maia, e foi a partir dali, que Ritinha viu no blogueiro mais influente do Brasil, a sua inspiração.
“Vendo o perfil de Carlinhos pude perceber que minha história do dia a dia poderia ser contada também e assim fiz”, revela.
Ritinha começou a postar vários stories por dia e não parou mais. Seja nas suas tarefas de casa, um dia de academia ou mesmo uma festa, tudo vira informação com tom de humor.
E foi esse novo momento que ela descobriu que também poderia extrair os benefícios da internet a seu favor. Hoje, Ritinha divulga produtos de beleza, moda e restaurantes. E tudo vira uma festa só. Sem se preocupar com a língua portuguesa bem falada ou sequer as ortografias quando legenda seus vídeos, ela leva seus seguidores a gargalhadas já nas primeiras horas da manhã.
Para entender melhor esse efeito, basta dar uma volta com Ritinha pelas ruas da cidade. Abraços, pedidos de fotos e até sugestões do que ela possa gravar. Foi assim que sua rotina começou a mudar.
Mas ela ainda não sobrevive desta poderosa ferramenta que é o mundo digital. Todas as suas publicações são em troca de presentes dos próprios anunciantes.
Para garantir uma fonte de renda, a blogueira vende em média duas rifas por semana na cidade. Um certo dia, como seu aparelho de celular quebrou, ela resolveu fazer uma rifa para comprar um novo. Porém, um de seus anunciantes resolveu presenteá-la com um smartphone novo. Ritinha não achou justo ficar com o dinheiro dos bilhetes vendidos e foi aí que ela resolveu procurar um a um dos que compraram sua rifa para devolver. Para sua surpresa, seu carisma falou mais alto e nenhum deles queriam receber o dinheiro de volta. “Uma coisa que faço questão é de ser honesta, e disso tenho orgulho”, diz Ritinha.
E é do público que vem sua grande motivação. Ritinha conta que muitos seguidores entram em contato com ela todos os dias dizendo como seus vídeos de auto estima – mesmo em seu formato simples e sem roteiro ou produção – mexem com a emoção e alegra tantas pessoas do outro lado da tela.
Mas sem dúvida alguma, a fórmula do seu sucesso está sendo a sua autenticidade, quando, sem edições ou sequer um roteiro planejado, ela resolve contar a vida tal e qual como ela é. E esse modelo tem sido mais absolvido pelo público, do que daqueles que escondem sua vida real e mostram um mundo de fantasias, onde, nas redes sociais, tudo parece ser perfeito. “Se eu tenho ovos para almoçar não posso postar que comi carne de primeira, pois as pessoas gostam mesmo do que é de verdade”, finalizou.
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Reportagem: Alysson Ribeiro
Sugestão de pauta: Theu Souza
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