Preso em flagrante pelo assassinato do enteado Miguel Martins Pita Costa, de apenas 4 anos, morto com 20 facadas na noite do último sábado (12) em Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo baiano, o estudante de Direito Edilton Araújo Andrade Júnior disse à polícia que aplicou os golpes porque a criança não parava de chorar. Na hora, Miguel presenciava a mãe sendo esfaqueada pelo padrasto.
A mãe de Miguel, Manoela Silva Costa Martins, 29, foi socorrida para o Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus com oito perfurações. No domingo (13), ela foi transferida para o Hospital do Subúrbio, em Salvador. O enterro do menino está marcado para as 14h, no Cemitério Jardim da Saudade, em Brotas.
Segundo a polícia, no sábado, após esfaquear mãe e filho, Edilton usou a arma do crime, uma faca de 18 cm, para provocar uma lesão no abdômen de 3 centímetros e, em seguida, pulou da janela de casa. Ele também foi socorrido ao Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus.
Segundo as investigações, o criminoso alegou ter cometido os crimes por ciúme. O delegado titular de Santo Antônio de Jesus, Adilson Bezerra, esteve no hospital e interrogou Edilton.
“Ele falava baixo e pausado, mas concatenando as ideias, seguindo uma lógica dos acontecimentos. Falou sobre o ocorrido sem demonstrar remorso, diria até de maneira fria, que tentou matar a companheira porque ela estaria lhe traindo. Constatamos que não há nenhum indício que sustente esta informação. O que sabemos é que Edilton é usuário de drogas. Quanto à criança, afirmou que desferiu vários golpes de faca porque a mesma estava chorando muito”, declarou o delegado ao CORREIO.
Edilton segue custodiado no hospital e foi autuado em flagrante pelo assassinato de Miguel. Ele irá responder por homicídio triplamente qualificado: motivo cruel, impossibilidade de defesa da vítima e motivo torpe.
O estudante de Direito ainda responderá pelas facadas aplicadas na mãe da criança. Por este crime, ele foi autuado também em flagrante por tentativa de homicídio duplamente qualificada – por motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima.
O crime aconteceu no bairro Alto do Sobradinho, na casa de Edilton. Segundo a polícia, a perícia técnica definiu a dinâmica do crime da seguinte forma: os golpes de faca se iniciaram no banheiro, passou pelo corredor até chegar na janela, onde Manoela pulou. Na sala havia uma poça de sangue, levando a polícia crer que foi ali o lugar onde a criança foi esfaqueada até a morte. No imóvel foi encontrado uma pequena quantidade de maconha no quarto de Edilton.
O delegado ouviu Manoela momentos antes dela ter sido transferida para Salvador. "Ela disse que estava se relacionando com Edilton há, aproximadamente, um ano e meio e que durante este período em nenhum momento ele demonstrou agressividade. Que havia algumas discussões normais como em qualquer casal", contou o delegado. Manoela reside em Salvador e costumava ir a Santo Antônio de Jesus com o filho para passar os finais de semana com Edilton.
O delegado disse que, no dia do crime, ela chegou pela manhã na casa Edilton. "Tudo estava transcorrendo na normalidade, iriam passar o Dia das Crianças com o filho dela juntos. À tarde, ele começou a falar que ela estava lhe traindo, o que não seria verdade", disse o delegado.
Edilton foi até a cozinha, pegou uma faca e, já no banheiro, tentou golpear Manoela, quando ela segurou a faca com a mão, provocando um corte. Depois, ele desferiu outros golpes e ela saiu correndo pelo corredor, levando mais golpes de faca. "Ao chegar na janela para pular e fugir de seu agressor, ela viu o filho chorando, quando recebeu um golpe mais profundo e então pulou pela janela, sem roupa. Ele então pegou a criança que estava chorando e gritando pela mãe e desferiu as 20 facadas", detalhou o delegado.
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