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Airbus da TAM | Maior desastre aéreo do país completa 10 anos

Há 10 anos, avião vindo de Porto Alegre para SP derrapa sob forte chuva, atravessa avenida e explode em prédio: todos os passageiros e tripulantes morrem, além de pessoas no solo

17/07/2017 às 07h47
Por: Correio Fonte: O Globo
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Airbus da TAM | Maior desastre aéreo do país completa 10 anos

Tragédia anunciada, o maior desastre da aviação brasileira ocorreu no dia 17 de julho de 2007. O Airbus A-320 da TAM, voo JJ-3054, que vinha de Porto Alegre para São Paulo, com 176 pessoas a bordo, derrapou na pista molhada do Aeroporto de Congonhas, na capital paulista, atravessou uma avenida e explodiu contra um prédio de carga e descarga da própria companhia. Todos os passageiros e a tripulação morreram, além de pessoas que estavam no solo, deixando 199 vítimas. 

O desastre chocou o país. Eram 18h50m quando o Airbus da TAM tentou pousar em Congonhas, sob forte chuva, arremeteu e espatifou-se do outro lado da Avenida Washington Luis, no prédio da TAM Express, que fica em frente ao terminal principal do aeroporto. Um posto de gasolina também foi atingido. Apenas às 23h30m os bombeiros conseguiram se aproximar do avião, cuja fuselagem derretou, restando somente a cauda. Atingido pelo Airbus, o prédio da TAM Express começou a pegar fogo por volta das 19h, quando 400 funcionários estavam no seu interior. Segundo reportagem do GLOBO, funcionários contaram que “as pessoas se jogavam do prédio e gritavam de desespero no fogo”.

A TAM já tinha sofrido dois grandes acidentes antes da tragédia de julho de 2007. Em 31 de outubro de 1996, a queda de um Fokker 100, logo após decolar do Aeroporto de Congonhas, causou comoção no país. O avião prefixo PT-MRK, levantou voo às 8h25m com destino ao Rio de Janeiro, mas apenas 30 segundos depois, a dois quilômetros da pista, mergulhou na Rua Luis Orsini de Castro, no bairro do Jabaquara. Os 90 passageiros e seis tripulantes, além de três pessoas no solo, morreram. O jato chegou a alcançar a velocidade de 250 km/h e atingiu uma altitude de 33 metros (equivalente a um edifício de 11 andares) até cair, bater em prédios, levar telhados e deixar um rastro de destruição. Com o impacto, oito casas foram destruídas e a fuselagem do avião incendiou-se. Os passageiros e a tripulação não tiveram chance. Ao serem retirados dos escombros, os corpos eram enfileirados ao longo da rua, criando imagens dramáticas.

No dia 9 de julho de 1997, houve outro grave acidente com mais um avião Fokker 100. Pouco depois de decolar do Aeroporto de São José dos Campos, no interior de São Paulo, ocorreu uma explosão na traseira que jogou para fora da aeronave o engenheiro Fernando Caldeira de Moura Campos, além de ferir sete passageiros e tripulantes. O corpo do engenheiro foi encontrado em um sítio na cidade de Suzano. Foram detectados resíduos de TNT na fuselagem do avião. A Polícia Federal abriu inquérito e indiciou o professor Leonardo Teodoro de Castro, um dos passageiros, pela explosão. Até hoje o caso não teve conclusão, pois o professor Leonardo, três dias após o acidente, foi atropelado por um ônibus e ficou mais de 150 dias internado. Segundo o site de notícias G1, em 2007, encontrava-se morando na cidade de Divinópolis (MG), com a irmã, em estado de quase demência, sendo considerado incapaz de responder à Justiça pelos seus atos.

Reportagem publicada no GLOBO, em 25 de junho de 2009, relata que uma falha do piloto provocada pela pressão de ter que pousar em uma pista em condições inadequadas é uma das principais causas apontadas pelo relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) para explicar o desastre com o Airbus da TAM, em 2007. O relatório aponta ao menos oito fatores que contribuíram para que o piloto cometesse o erro de manter uma das manetes (alavanca que controla a potência do motor) na posição de "climb" (aceleração) durante o pouso.

A transcrição das caixas-pretas comprova que só a manete esquerda foi colocada na posição certa, de "reverse" (freio). A investigação entendeu ainda que a pista de Congonhas, que estava sem grooving (ranhuras na pista de pouso), molhada e escorregadia na hora do pouso. “Nas conversas na cabine, o comandante Kleyber Lima relembra três vezes nos cinco minutos que antecedem o acidente que o reverso (freio aerodinâmico) direito estava inoperante. A pressão para parar o jato em circunstâncias adversas, agravadas por problemas psicológicos, fisiológicos e falhas na preparação, induziram o piloto ao erro”, concluiu o Cenipa.

O relatório do final do Cenipa sobre o acidente do voo JJ-3054 da TAM levanta duas hipóteses para explicar a tragédia: falha dos pilotos, que teriam deixado uma turbina acionada no momento da aterrissagem, ou falha mecânica. Mas o documento, que foi apresentado no dia 31 de outubro de 2009, a familiares das vítimas, deixa claro que a possibilidade de falha mecânica é ínfima: uma em 400 trilhões. O Cenipa apontou falhas também da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), da Empresa de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), da TAM e da Airbus.

O relatório concluiu, porém, que a falta de área de escape na pista do Aeroporto de Congonhas não foi um "fator contribuinte" para o acidente. Embora o avião estivesse em desaceleração quando colidiu com o prédio, precisaria de 2.400 metros para parar completamente. Segundo o presidente da comissão de investigação, coronel Fernando de Camargo, a área de escape não seria longa o suficiente para evitar o acidente. Mas a tragédia não teria ocorrido se o pouso tivesse sido feito no Aeroporto Internacional de Guarulhos, São Paulo, onde as pistas e o entorno são maiores.

Mais recentemente, em reportagem publicada pelo jornal em 8 de abril de 2014, o Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo pediu até 24 anos de prisão para os acusados de ser os responsáveis pelo acidente. O procurador da República Rodrigo de Grandis defendeu que a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu e o então diretor de Segurança de voo da TAM, Marco Aurélio dos Santos de Miranda, sejam condenados por atentado contra a segurança de transporte aéreo na modalidade dolosa — e não na culposa. Segundo o MPF, os dois assumiram o risco de expor a perigo as aeronaves que operavam em Congonhas. Com a mudança da imputação de culposo para doloso, a pena máxima para ambos sobe de quatro para 24 anos.

Em maio de 2015, o juiz federal substituto Márcio Assad Guardia, da 8ª Vara Federal Criminal de São Paulo, absolveu Denise Abreu, Marco Aurélio dos Santos de Miranda e o vice-presidente de Operações da companhia aérea, Alberto Fajerman, pelo acidente com o Airbus A-320 da TAM.

 

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