Os quase 40 convidados já haviam chegado à mansão da Rua Tramandaí, no bairro nobre de Vilas do Atlântico, terça-feira (2). Uísque, vodka, cerveja e outras bebidas eram consumidas pelos jovens entre 16 e 25 anos espalhados pelo imóvel de dois andares, cinco quartos, suítes, banheira de hidromassagem e piscina.
Com 15 minutos de duração, a “Pandemia Fest” acabou com a chegada dos 'penetras': policiais militares e fiscais da prefeitura de Lauro de Freitas. Em 20 dias, a Força-Tarefa pôs fim a cinco festas em casas de luxo na cidade vizinha de Salvador. Em alguns casos havia drogas.
Os eventos foram realizados em três mansões distintas de Vilas, Ipitanga e também Vida Nova. A prefeitura da cidade, vale lembrar, prorrogou o toque de recolher no município até o próximo domingo. A medida, que restringe a circulação de pessoas, a pé ou em automóveis, entre as 20h e 5h da manhã, visa diminuir a proliferação da covid-19 no município. Em Itinga, a proibição vale a qualquer hora, já que o bairro concentra 134 dos 549 casos registrados na cidade até ontem.
O que chama a atenção é que as farras são promovidas por moradores de Salvador. Neste caso mais recente, todos que participavam moravam nos bairros do Uruguai, São Caetano e Pirajá, na capital.
“Acredito que as pessoas têm um conceito ainda que Lauro de Freitas é um local de veraneio e acabam migrando para cá, imaginando que a fiscalização não é suficiente e acabam se enganando. Estamos atendendo todas as denúncias de poluição sonora. Essa festa mesmo, denominada por eles de ‘Pandemia Fest’, fomos acionados assim que ela começou. Os moradores do entorno ligaram reclamado do som e das aglomerações de pessoas e acabamos com o barato deles”, declarou o secretário municipal de Trânsito, Transporte e Ordem Pública (Settop) de Lauro, Smith Neto, que coordena a Força-Tarefa.
Na semana passada, também em uma residência de luxo na Rua Praia de Tambaú, localizada no mesmo bairro, 35 pessoas de Cajazeiras faziam uma festa com bebidas e diversas drogas como cocaína, maconha e lança-perfume. Todos os integrantes foram parar na delegacia.
“Existe uma prática comum da região que é alugar imóveis para desconhecidos que querem para o final de semana ou por mais alguns dias. O aluguel em média varia entre R$ 2 mil e R$ 2,5 mil. Até agora, em todas as ações que fizemos, foi constatado que todos que estavam nessas festas eram de Salvador. No caso dessas 35 pessoas, que estavam com drogas, todas foram levadas à delegacia”, explicou o comandante da 52ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Lauro de Feitas), major Everton Monteiro.
Abordagem
Nem a prorrogação do decreto pela prefeitura de Lauro foi suficiente para intimidar os festeiros. Na noite de terça, por exemplo, foram 22 denúncias, sendo que nove em relação à poluição sonora – uma delas foi a festa na Rua Tramandaí e as demais em bares na região do Caji e de Itinga. Além dos 134 casos de covid-19 registrados em Itinga, há 81 infectados no Caji e outros 11 em Vilas do Atlântico.
Piscina de mansão usada para o "Pandemia Fest" em Vilas do Atlântico (Foto do leitor) |
Na farra dentro do imóvel alugado, a Força Tarefa encontrou 22 homens e 17 mulheres que se aglomeravam com som alto e uso excessivo de bebida alcoólica. O responsável pelo aluguel da casa e duas jovens, ambas menores de idade, acabaram conduzidos à 23ª Delegacia, onde foram ouvidos e liberados em seguida.
“Uma hora e meia depois, a dona do imóvel alugado e o corretor foram à delegacia. Foi lavrado a notificação do proprietário para que ele se defenda. Estamos na fase da defesa e a situação pode implicar em multa a ser aplicada pela Justiça”, comentou o secretário Smith Neto.
O major Everton Monteiro contou que, com a chegada da Força-Tarefa, alguns jovens tentaram se esconder nos quartos e nos banheiros da casa. “Mas não adiantou. Fizemos um pente fino em tudo e encontramos todos”, revelou. A festa seria um aniversário. “Na verdade, o encontro era entre eles e um dos rapazes fazia ou fez aniversário e resolveram comemorar tudo junto”, completou. Durante as buscas, não foram encontradas drogas dentro da casa. Todos os carros dos participantes da festa foram revistados e nenhum entorpecente foi localizado.
O infectologista Márcio Oliveira alerta para o perigo de se fazer festas durante a pandemia de covid-19. O motivo é o imaginado: não dá para descartar a possibilidade de algum infectado assintomático participar desse tipo de confraternização e uma única pessoa pode gerar um efeito cascata.
“Trata-se de um vírus de alto contágio. A pessoa assintomática leva o vírus para a festa e depois todo o mundo que teve contato com ele pode levar a doença para dentro de casa”, alertou.
Salvador
Já em Salvador, cerca de 30 pessoas foram flagradas participando de uma festa na madrugada desta quarta-feira (3), no Setor 1 do Loteamento Condor, no bairro de Águas Claras. A festa foi interrompida por policiais da 3ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Cajazeiras) após receberem uma denúncia anônima de que no local havia aglomeração de pessoas, drogas, som alto e dezenas de adolescentes participando da festa.
Nesta terça (2), a Polícia Militar acabou com um culto evangélico que reuniu dezenas de pessoas em Massarunduba descumprindo as medidas de isolamento social preconizado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para o enfrentamento à pandemia da covid-19. Policiais da 17ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Uruguai) flagraram o culto irregular realizado pela Igreja Evangélica Batista da Penísula.
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