Marcada para a terça-feira, 30, a posse do novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, foi adiada pelo governo de Jair Bolsonaro depois de reveladas incoerências em seu currículo. A nomeação de Decotelli foi publicada em edição extra do Diário Oficial na quinta-feira, 25.
A avaliação é de que a situação do novo ministro é complicada e sua imagem ficou arranhada pelas informações falsas no currículo. Depois das denúncias sobre seu doutorado e mestrado, o Planalto já discute a permanência de Decotelli no ministério, conforme apuração dos jornais Folha de S. Paulo e O Globo.
Bolsonaro teria ficado incomodado com a repercussão negativa dos equívocos no currículo de Decotelli e de acusações de plágio. O mandatário se queixou também, segundo a Folha, que não houve a repercussão positiva esperada com a nomeação de um nome técnico e que, nas redes sociais, o tema se converteu em novo flanco de desgaste.
A nova análise no currículo do ministro ordenada por Bolsonaro serve para apurar se há mais inconsistências, mas integrantes do governo que acompanham o tema dizem que o presidente não desistiu de confirmá-lo no cargo.
Os desmentidos no currículo de Decotelli tiveram um efeito negativo considerável no governo, uma vez que Decotelli fora escolhido exatamente pelo seu perfil técnico. Seu nome foi uma aposta da área militar dentro do governo e, no anúncio do cargo, o próprio Bolsonaro evidenciou os títulos de Decotelli.
Fontes ouvidas pelo Estado de S. Paulo, tanto do meio educacional quanto da política, acreditam que ele não vá permanecer como ministro. Deputados também adiaram eventos com o ministro na Câmara diante da indefinição. A preocupação dos militares e de educadores é que integrantes da ala ideológica ligados a Olavo de Carvalho agora tenham argumento para indicar outro nome.
Decotelli já disse a interlocutores que não cumprirá funções ideológicas na pasta, embora não planeje grandes alterações na equipe do MEC. Mas ele já tem mostrado preocupação com sua permanência e identifica perseguição da imprensa.
A nomeação de Decotelli chegou a ser comemorada justamente por conta de seu perfil considerado "técnico", mas as inconsistências em seu currículo começaram a aparecer em seguida, quando o reitor da Universidade Nacional de Rosário publicou no Twitter que o ministro não havia obtido título de doutor na instituição. Depois disso, um professor do Insper também apontou indícios de plágio na dissertação de mestrado de Decotelli.
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