O governo do Paraná anunciou que vai assinar um convênio com a Rússia para produzir a vacina Sputnik V. O anúncio foi feito horas após o presidente russo, Vladimir Putin, divulgar a vacina como a primeira registrada no mundo.
Ainda se sabe pouco sobre a eficácia dessa vacina, e ela vem sendo questionada por especialistas internacionais. O site oficial russo sobre a pesquisa informa que os testes de fase 1 e 2 foram completados no dia 1º de agosto. A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera necessário haver três fases de testes para comprovar a eficácia de uma vacina.
Resumo
Convênio deverá ser assinado pelo governador Ratinho Júnior (PSD) e o embaixador da Rússia, Sergey Akopov, na tarde desta quarta-feira.
O Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) será responsável por todas as etapas, desde a pesquisa até a distribuição das doses da vacina russa.
Previsão é que distribuição no Brasil não comece antes do segundo semestre de 2021.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda precisa liberar realização dos procedimentos necessários para os testes.
Governo paranaense vinha discutindo parceria com Rússia desde julho.
Segundo o governo do Paraná, o passo seguinte à assinatura do acordo é o compartilhamento do protocolo russo com a Anvisa, para que a agência brasileira libere a realização dos procedimentos necessários para os testes. Jorge Callado, presidente do Tecpar, ressaltou que a pesquisa vai avançar conforme o compartilhamento as informações.
“Antes da liberação, não há possibilidade de colocar nada em prática. Reitero que a prudência e a segurança são palavras-chave nesse processo”, declarou o presidente do Tecpar.
"É importante essa assinatura para que essa condição de troca de informações comece", afirmou Callado. “Cada passo no seu momento adequado, não podemos queimar etapas.”
Vacina russa
Após o anúncio do registro da vacina pelo presidente russo, a OMS declarou nesta terça que a Rússia "não precisa de sua aprovação [da OMS" para registrar a vacina. No entanto, a entidade precisará ter acesso aos dados da pesquisa para avaliar a eficácia e a segurança da imunização para poder aprová-la.
Conforme as informações russas, o Brasil vai participar da fase 3 dos estudos clínicos, que tem previsão para começar nesta quarta-feira. Serão 2 mil participantes dos testes. Além dos brasileiros, deve haver voluntários da própria Rússia, dos Emirados Árabes, da Arábia Saudita e do México.
Pesquisa no Tecpar
Ao anunciar a parceria com a Rússia, o presidente do Tecpar está otimista com a possibilidade de ter resultados positivos com a imunização. Contudo, o presidente do Instituto ressaltou em, entrevista à GloboNews, que a produção e distribuição serão pautadas pela segurança e prudência.
“É um laboratório de referência em termos internacionais. Após esse ajuste com o Governo da Rússia, as tratativas tecnológicas e científicas começam. É importante nos pautarmos com prudência, segurança e transparência dentro desse processo”", afirmou Jorge Callado.
Somente após a autorização da Anvisa, o governo do Paraná afirma que vai avançar para as próximas etapas do processo.
"É algo muito preliminar. Não existe compromisso de produção firmado enquanto as etapas não forem validadas, não forem consolidadas e não forem liberadas pela Anvisa. É um começo de um intercâmbio de informações. Nós avançaremos se tivermos informações necessárias para tanto. Caso contrário, não", pontuou o presidente do Tecpar.
Sobre a parceria entre o estado e o governo russo, Callado contou que o Tecpar foi procurado pela embaixada Russa porque o instituto é reconhecido pela inovação.
“Nós fomos procurados e, como instituto de tecnologia, nós temos que estar abertos, receptivos, para novas tecnologias. Mas, é claro, isso precisa ficar muito mais aprofundado, mais esclarecido”, afirmou.
Callado esclareceu que assim que a terceira etapa de testes for concluída na Rússia, a documentação deverá ser analisada pela Anvisa, pelos órgãos reguladores.
“Caso os resultados sejam satisfatórios, sejam positivos, existe a possibilidade de pleitear o registro chamado registro clone. Caso não, existe a necessidade de replicar a fase no Brasil, principalmente a fase 3”, explicou.
O Tecpar salientou que o avanço na pesquisa vai ocorrer assim que os dados estejam disponíveis para a comunidade técnica e científica.
“Ocorrendo tudo dentro do previsto e tendo a documentação, não sabemos se será necessário realizar uma fase 3 no Brasil – possivelmente sim, até por uma diferença climática da Rússia e do Brasil, existe essa previsão. Antes de mais nada, é necessária a formatação de um protocolo de pesquisa e validação, para que isso seja autorizado”
Pesquisas
Ao todo, 165 vacinas contra a Covid-19 estão sendo pesquisadas em todo o mundo, segundo os dados da OMS no dia 31 de julho. Cinco dessas imunizações estão na fase final de testes em humanos (a fase 3).
No Brasil, há três vacinas sendo testadas contra a Covid-19.
Em julho, foi anunciado o início dos testes de uma vacina chinesa contra o novo coronavírus no Brasil. No Paraná, profissionais de saúde voluntários - público considerado mais exposto ao contágio - foram os primeiros a receber as doses da pesquisa chinesa.
Os testes são concentrados no Hospital de Clínicas do Paraná (HC), que pertence a Universidade Federal do Paraná (UFPR) e fica em Curitiba. O HC é um dos doze centros escolhidos para testar a vacina.
Mín. 20° Máx. 36°