A pauta mais solicitada por leitores do Correio da Cidade, sem dúvidas é o desabastecimento de água. Porém, esta matéria seria mais uma reclamação popular se não fosse por dois agravantes: estamos vivendo em uma pandemia provocada pelo novo coronavírus, que requer atenção da higiene das mãos, da casa, de superfícies sólidas, das roupas... e por estarmos vivenciando um dos períodos mais chuvosos dos últimos invernos, o que não justifica a escassez de água nas torneiras.
Com o distanciamento social e sem água em casa, a aposentada Adenair Santos Gonçalves, de 62 anos é uma entre tantas donas de casa que enfrentam o problema. Moradora da Rua Papa João, no bairro Lagoa do Capim, região bem próxima à Avenida José Botelho, dona Adenair se diz obrigada a pedir água à vizinhos que possuem reservatórios. “Tenho uma vizinha que fez um reservatório para receber água da chuva e armazenar para o consumo e ela sempre deixa a gente pegar lá”, conta a aposentada que divide o lar com filhos e dois netos ainda crianças. “A gente sabe que para se prevenir contra o coronavírus é preciso lavar as roupas, as mãos, aí os pais das crianças chegam do trabalho e não podem lavar logo suas roupas e com isso estamos pondo nossa saúde em risco”. Para limpeza da das mãos, dona Adenair está usando apenas o álcool em gel, que deveria ser usado em locais onde ela não tivesse acesso à água para lavar as mãos. Ela conta que há mais de um ano não ver a água chegando durante o dia. “Quando temos água é na madrugada. Não tenho mais idade para ficar acordada nesses horários na esperança de chegar água e encher os vasilhames”, revelou. A aposentada contou que por diversas vezes foi ao escritório local da Embasa reclamar, mas sempre teve a resposta que o problema não existia na sua rua. “Alguém acha que eu iria sair de casa para mentir lá na Embasa? Eu me senti constrangida”, disse a idosa.
Na mesma rua mora a dona de casa Iraci Machado de Jesus Oliveira, de 33 anos. Ela conta que a semana inteira está sem água e confirma que esse problema se arrasta por mais de um ano. “Pego água na casa do meu irmão, que fica no Conjunto Ismael Ferreira dos Santos. A gente leva garragas pet e trazemos com água para poder beber e lavar as louças. O banho geralmente é com água mineral ou de madrugada quando a água chega”, disse a dona de casa. “Reclamo e dizem que irá melhorar, que é por causa da seca, mas só vejo promessa. Tenho uma mãe idosa, de 80 anos aqui em casa e a situação é cada dia pior”, desabafa.
Próximo dali mora Eliete Ferreira dos Santos, de 39 anos de idade, na 3º Travessa da Avenida José Botelho. Ela conta que todos os dias há falta de água. “Aqui só vejo chagar água por volta de 1 hora da madrugada. Como esperar esse horário para lavar as louças, lavar roupas? É mais de um ano que estamos nesse dilema”, revelou.
Eliete conta que quando reclama na Embasa, dão a resposta que o abastecimento está seguindo normalmente. “Na Embasa sugeriram que eu comprasse uma bomba de pressão para que a água chegue nas torneiras. Eu quase não acreditei que eles estavam sugerindo uma coisa absurda dessas. As contas não param de chegar mesmo sem o serviço que é um direito nosso”, concluiu.
A mesma situação se repete também no Conjunto Adair de Miranda Cabral e Silva, na Avenida Posto Brasil, na comunidade rural de Várzea Nova e na região da Ladeira Vermelha, dentre tantos outros bairros e comunidades rurais.
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