O lavrador aposentado Joaquim Costa dos Santos, de 73 anos de idade, vive um dilema constante com a falta de água onde mora, na fazenda Gameleira, em Santo Estevão.
Com problemas de locomoção devido a um acidente doméstico que resultou em um problema na perna, ele precisa andar várias vezes ao dia por um terreno sinuoso em busca de água em um pequeno barreiro.
É que, de acordo com o lavrador, mesmo com a água encanada da EMBASA, a escassez de água potável é diária. “Aqui passamos cerca de dois meses pra ver pouca água cair na torneira e não dura muito”, lamenta o lavrador que sobrevive com água trazida por um caminhão pipa para encher os reservatórios da casa.
Também na casa da lavradora Alice Pereira dos Santos, na fazenda Gameleira, o drama tem sido o mesmo: meses sem água jorrando nas torneiras. Ela mostrou a nossa reportagem um reservatório externo, que serve para armazenar água da chuva. “Estamos pedindo socorro, não dá mais para suportar isso”, desabafou.
Em outra comunidade próxima dali está Dona Angelina Conceição Silva. Na fazenda Viração, onde reside com os filhos, a água caindo nas torneiras passa longe de ser uma realidade. Dona Angelina precisa andar todos os dias até uma aguada para pegar água para utilizar na higiene da casa.
RISCOS À SAÚDE: Para fugir da crise hídrica, população armazena água de maneira inapropriada, com emitentes riscos à saúde. A falta de acesso à água de qualidade e o saneamento precário podem ser os responsáveis por 94% dos casos de diarreia no mundo, de acordo com estudos. A cada dia 5.000 crianças em média morrem devido a doenças facilmente evitáveis, relacionadas com o saneamento precário e o consumo de água sem qualidade, de acordo com dados do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
Segundo o professor do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz Paulo Barrocas, para enfrentar a falta de abastecimento de água, a população é obrigada a buscar o recurso em fontes alternativas, o que pode ser um estopim para os casos de doença.
Fontes, poços, carros pipas, por exemplo, nem sempre são seguros, do ponto de vista sanitário. Isso aumenta o risco das pessoas contraírem doenças de veiculação hídrica. Estas doenças são causadas, basicamente, pelo consumo de água ou alimentos contaminados por fezes. Exemplos mais comuns destas doenças são as diarreias, hepatite A, febres tifoides e paratifoide, cólera e parasitoses. Além disso, a escassez de água afeta a higiene das pessoas e dos locais onde elas vivem, o que também é fator de risco para outras doenças, como micoses e conjuntivites.
Moradores informam que entram com ações judiciais junto ao JEC de Santo Estêvão , porém alguns ganham e outros perdem as ações. Apuramos sobre a reação do judiciários às ações e cada juiz que assume a comarca pensa de uma forma , sendo que alguns entendem pelo arquivamento da ação alegando a necessidade de perícia.
Enquanto a justiça não decide sobre o consenso das ações, a população continua cada vez mais com o sofrimento de não ter água potável em suas torneiras , mesmo pagando contas mensalmente.
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