Astrônomos da Universidade Estadual do Arizona, nos Estados Unidos, encontraram gelo sujo derretido em barrancos situados em uma região na mais baixa latitude Marte, isto é, no equador marciano, por meio da análise de imagens obtidas pela sonda Mars Reconnaissance Orbiter (MRO, na sigla em inglês), da Nasa, a agência espacial norte-americana, lançada em 2005.
Segundo Aditya Khuller, um dos autores do estudo, publicado na revista científica Journal of Geophysical Research: Planets, o gelo em Marte derrete em latitudes mais baixas, onde é mais quente e pode haver água líquida. Embora isso não signifique, necessariamente, que haja vida nessa água, talvez este seja o melhor lugar para se encontrar vida no planeta vermelho.
"Pode haver pequenas quantidades de água líquida estável sendo produzida dentro do gelo nesses locais, potencialmente ainda hoje", afirmou Khuller ao portal MailOnline. "Se há vida ou não, não é possível dizer com base nos dados que temos atualmente."
Para o professor Rodolfo Langhi, do Observatório de Astronomia da Unesp (Universidade Estadual Paulista), a descoberta também não dá qualquer evidência concreta de água em Marte. Isso porque, diferentemente da Terra, em outros astros, nem sempre onde há água, há vida.
"Aqui na Terra, basta pegar uma gota de água e analisar no microscópio e você verá inúmeros seres minúsculos nadando nela. Isso porque a atmosfera e as condições terrestres favorecem a proliferação da vida", explica Langhi.
"Em Marte, por outro lado, as condições são bem diferentes e hostis para a vida tal como conhecemos aqui na Terra. Embora haja seres microscópicos que possam viver em condições extremas, estes só foram encontrados aqui na Terra. Em outros astros, tais criaturas não foram encontradas nem vivas, nem mortas, nem sequer fossilizadas", completa.
Os cientistas esperam que suas descobertas possam ajudar a Nasa e outras agências a restringir onde procurar por sinais de vida no planeta vermelho ao planejar futuras missões. Isso porque pequenas quantidades de água líquida podem ser produzidas, no verão maciano, nesses depósitos de gelo.
Embora significativamente mais frio do que o equador na Terra, os verões marcianos podem chegar a 20 º C durante o dia. Por esse motivo, os astronautas poderão acessá-los com mais facilidade em futuro distante.
*Estagiária do R7 sob supervisão de Pablo Marques
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