Aproximando-se dos 300 mil mortos - como se o país tivesse vivido em pouco mais de um ano 100 atentados como o 11 de setembro - e com uma aparente lentidão do Ministério da Saúde para comprar vacinas, os prefeitos brasileiros resolveram agir e entrar no jogo, certos da evidência que a única saída agora é a vacinação em massa da população.
Historicamente, desde sempre, os municípios sempre se uniram em várias frentes para tentar obter fatias mais justas de arrecadação, com o factível argumento que é no município que os problemas acontecem e devem resolvidos e não nos estados e na capital federal. São nas cidades brasileiras que os governantes convivem com as mazelas da vida real e a urgência de seus habitantes.
Para ajudar na travessia desse atoleiro de incertezas sanitárias, econômicas e sociais, os municípios criaram na segunda-feira (22), através da Frente Nacional de Prefeitos, um consórcio nacional para a aquisição de vacinas contra a covid-19. O grupo, que ganhou o nome de Conectar foi estabelecido numa assembleia virtual. A ação dos prefeitos acontece num momento em que o país vive a fase mais aguda da pandemia, com a escassez de leitos hospitalares e a percepção que a vacinação - único meio realmente eficaz de conter o contágio - é lenta e descoordenada.
O grupo quer reunir diversas prefeituras para juntos negociarem a compra de lotes de vacinas e insumos no mercado internacional, tratando diretamente com farmacêuticas e empresas fornecedoras destes insumos. O movimento dos prefeitos está amparado pela decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que autorizou a compra de vacinas e insumos por estados e municípios.
A busca dos municípios por vacinas acontece em meio a imposição de lockdown tardios e desesperados pelas principais cidades brasileiras - o que não impede que uma grande parcela da população que precisa sair de casa para trabalhar se exponha cotidianamente em transporte coletivos apinhados e em aglomerações consentidas pelos mesmos governos que decretaram as restrições. Os prefeitos vão além de suas atribuições - que eram cuidar da aplicação das vacinas em suas cidades - num país que ainda tem dois ministros da Saúde e quase nenhuma boa perspectiva no horiznte próximo a espera de mais 11 de setembros.
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