Lançado em 2020, o “TCA de Braços Abertos” é uma janela oferecida pelo Teatro Castro Alves (TCA) para exibição de variadas iniciativas culturais em seucanal de YouTube, assim como ocorria na ocupação dos palcos do complexo antes da pandemia. Neste mês de abril, o projeto é retomado e celebra o Mês Internacional da Dança, promovendo sessões às quartas-feiras, sempre às 19h, de novos espetáculos de dança da Bahia, criados especificamente para fruição em vídeo em meio às práticas de distanciamento social, com apoio de editais direcionados pela Lei Aldir Blanc.
Quem dá a largada da programação, no dia 14, é “Carybé em 3 Linhas”. O projeto Ateliê de Coreógrafos Baianos, inspirado no Ateliê de Coreógrafos Brasileiros (2002 a 2006), apresenta esta proposta artística baseada no universo plástico do grande pintor Carybé, um apaixonado pela dança, e que se desdobra em três atos: “Depois, o Tempo que Não Existe”, de Jorge Silva, “Memória das Águas”, de João Perene, e “Xirê de Mulheres”, de Edileuza Santos.
O Ateliê de Coreógrafos Brasileiros movimentou a cena da dança na década de 2000, contemplando coreógrafos de todas as partes do país e tornando-se referência na história da dança contemporânea brasileira. As atuais iniciativas do Ateliê de Coreógrafos Baianos, assim como o Ateliê inspirador, têm a concepção e direção artística da bailarina e gestora cultural Eliana Pedroso.
“Para a criação do espetáculo ‘Carybé em 3 Linhas’, busquei três coreógrafos baianos com identidades coreográficas diversificadas, e os uni em um mesmo ponto de inspiração: o universo plástico de Carybé, onde o movimento está sempre presente e é muito inspirador para os artistas da dança”, lembra Pedroso.
Para o coreógrafo João Perene, os quadros de Carybé – “O sol”, “A tentação de Antônio”, “Samba” e “Na lagoa” – serviram de inspiração para a construção do roteiro coreográfico de sua obra. “‘Memória das Águas’ é uma ode ao mestre Carybé, ao colorido, à alegria, ao misticismo e à sedução do povo baiano, que ele soube tão bem delinear em uma tela em branco. Suas figuras marcantes foram fontes inesgotáveis para a pesquisa de movimentos que viriam a habitar os corpos de cada bailarino e bailarina envolvido no projeto”, revela Perene.
Já Jorge Silva se inspirou em uma escultura de Exu, orixá da comunicação e da liberdade, para criação e concepção de “Depois, o Tempo que Não Existe”: “A ideia central é, a partir da obra, trazer para a cena algumas particularidades dessa divindade, em uma leitura pessoal, através de arquétipos comuns de Exu, aliados à nossa vida terrena e dialogando diretamente com as nossas existências”, conta Silva.
Coreógrafa de “Xirê de Mulheres”, Edileuza Santos acredita que toda criação artística, desde a apresentação da estética e da narração, tem como finalidade construir um pensamento político. “Desenvolvi uma performance que tenta estabelecer um diálogo entre a obra de Carybé e a diáspora africana, e anunciar um futuro em que as mulheres tenham potencial para construir uma sociedade nova e diversa, embalada na ancestralidade negra dentro do universo dos orixás e em busca de um futuro menos conflitante”, detalha Edileuza.
O espetáculo “Carybé em 3 Linhas” foi realizado com apoio financeiro do Estado da Bahia, por meio da Secretaria de Cultura (Secult) e da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Programa Aldir Blanc Bahia), via Lei Aldir Blanc, direcionada pela Secretaria Especial da Cultural do Ministério do Turismo.
O “TCA de Braços Abertos” exibirá mais dois espetáculos de dança em abril: “Tsunami”, do Balé Jovem de Salvador, no dia 21, e “Estio_rito em lapso”, de Nii Colaboratório, no dia 28.
Fonte: Ascom/TCA
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