Uma mulher com Covid-19 internada em uma maternidade em Manaus, no Amazonas, recebeu tratamento experimental com nebulização de hidroxicloroquina em meados de fevereiro, dias após passar por um parto de emergência, e morreu no dia 2 de março, conforme noticiou o jornal Folha de S.Paulo. O medicamento é ineficaz contra a Covid-19 e segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) não deve ser usado para tratar pacientes com a doença.
A ginecologista e obstetra paulistana Michelle Chechter, responsável pela nebulização, filmou o momento em que Jucicleia de Sousa Lira, de 33 anos, passou pela sessão no hospital público estadual Instituto da Mulher Dona Lindu (IMDL). O vídeo teve grande alcance nas redes sociais. Jucicleia morreu 27 dias após o nascimento do filho e o hospital informou à família que a causa foi infecção generalizada em decorrência da Covid-19, de acordo com a Folha.
Ainda segundo o jornal, Jucicleia assinou uma autorização para o procedimento, com três parágrafos curtos com erros gramaticais e de grafia, do qual seu marido não sabia da existência. Outra paciente, também puérpera, assinou a autorização para uso de nebulização e sobreviveu, mas só recebeu alta quase dois meses após o procedimento. Segundo relatos obtidos pela Folha, pelo menos outras três pacientes receberam a nebulização mesmo sem terem autorizado e todas morreram.
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) informou ao G1, em nota, que a nebulização com hidroxicloroquina não faz parte dos protocolos terapêuticos da maternidade, nem de outra unidade da rede estadual de saúde, ainda que com o consentimento de pacientes ou de seus familiares. Também informou que determinou abertura de sindicância e o afastamento da médica que realizou o tratamento. Ela não faz mais parte do quadro do IMDL, onde atuou por cinco dias, junto com o marido, também médico.
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