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Após morte de bandido, 600 policiais reforçam a segurança em Salvador e no interior

Bairros de capital e cidades do interior do estado tiveram as rotinas alteradas por conta da morte do homem apontado como líder de facção criminosa

11/08/2017 às 21h50
Por: Correio Fonte: Correio 24h
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Após morte de bandido, 600 policiais reforçam a segurança em Salvador e no interior

Dois dias depois da morte de Marcelo Batista dos Santos, o Marreno, 30 anos, apontado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) como o número 1 na organização criminosa Bonde do Maluco (BDM), bairros de Salvador e cidades da Região Metropolitana e do interior do estado ainda estão sendo afetados. Há informações de que o fundador do BDM, Zé de Lessa, está foragido no Paraguai. Nesta sexta-feira (11), o comércio foi fechado e as pessoas estão com medo de sair de casa. A insegurança obrigou a SSP a reforçar o policiamento nessas regiões.

De acordo com a SSP, 600 policiais que estavam de folga foram chamados para reforçar a segurança nas regiões dominadas pela facção. "Estamos com todas as nossas tropas especializadas aptas a atender a população a qualquer hora do dia ou da noite, o tempo que for necessário, para dizer a população que a polícia está presente e a Secretaria de Segurança Pública está presente", afirmou o secretário Maurício Barbosa, titular da pasta.

Em Salvador, comerciantes da Avenida Jorge Amado, que liga a Paralela à Orla passando no bairro da Boca do Rio, tiveram que fechar as portas. A facção atua nessa região. Homens armados abordaram os trabalhadores e ordenaram que o comércio encerrasse o expediente, ainda pela manhã. Por volta das 16h, a reportagem do CORREIO esteve na Av. Jorge Amado e os comércios da região permaneciam fechados. São Cristóvão foi outro bairro que teve a rotina alterada por conta da morte de Marcelo.

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As cidades de Catu e Alagoinhas, no Nordeste do estado, onde a facção também atua, terão reforço nos próximos dias. Ainda de acordo com Barbosa, nessas cidades surgiram boatos do suposto toque de recolher e pichações da facção, o que motivou o reforço do policiamento.

"Estamos reforçando o policiamento também na Região Metropolitana exatamente para mostrar que o estado está presente", disse o secretário. O corpo de Marreno foi sepultado na manhã desta sexta, no cemitério do Bosque da Paz, no bairro de Nova Brasília, em Salvador.

Batalha contra o crime
O coronel Anselmo Brandão, Comandante Geral da Polícia Militar, deixou claro, em entrevista coletiva nesta sexta-feira, que qualquer ação do crime organizado será reprimida pelo estado. "Estamos prontos para qualquer tipo de intervenção e vamos usar a mão dura do estado", afirmou.

Brandão citou como exemplo a operação realizada no Engenho Velho da Federação, nesta sexta, que segundo ele não tem relação com as ações que resultaram na morte de Marreno. "Ali só é uma demonstração do que nós temos a oferecer para a criminalidade. Nós temos todas as nossas forças operando, um efetivo significativo de tropas especializadas. Se você for na Boca do Rio hoje verá que temos policiamento em todas as ruas", completou.

Para o secretário Maurício Barbosa, o tráfico tomou uma dimensão que precisa de uma resposta a altura das autoridades competentes. "Estamos imbuídos no propósito de retirar todas as lideranças do tráfico, enfraquecer todas as facções criminosas para que a gente possa diminuir a oferta de drogas, que infelizmente assola não só a cidade de Salvador e RMS, como o país inteiro", disse.

Barbosa disse ainda que existem diversos pontos de atuação da facção criminosa a qual pertencia Marreno. No entanto, para não atrapalhar as investigações, a SSP não está divulgando quais são essas áreas. "Estamos no meio de uma operação e para mantermos o sucesso dela é necessário sigilo. O que podemos dizer é que a facção tem penetração em bairros da capital, municípios da RMS e até no interior do estado".

Presídios têm segurança reforçada
Diante da suspeita de que as ordens para os toques de recolher tenham vindo de presídios, a segurança nas unidades prisionais do estado também foram reforçadas. Além disso, as secretarias de Segurança Pública e de Administração Penienciária (Seap) estão trabalhando em conjunto para agilizar o tráfego de informações que possam levar aos membros das facções.

"Tanto a SSP quanto a Seap estão trabalhando de forma integrada. Nós fizemos ações nos presídios e apreendemos celulares, armas artesanais para que a gente possa ter tranquilidade de fazer as nossas operações nas ruas sabendo que não tem nenhum preso passando ordens para as facções", disse o Barbosa.

Cuidado com os áudios
As autoridades da Segurança Pública chamam atenção também para os áudios divulgados por redes sociais e aplicativos de troca de mensagens onde bandidos ameaçam comerciantes e anunciam supostos toques de recolher. De acordo com coronel Anselmo Brandão, muitas dessas mensagens buscam apenas instaurar um clima de instabilidade. "Essa modalidade de terrorismo não é novidade na nossa capital. Nós até já prendemos pessoas que publicaram áudios que têm por objetivo criar um clima de instabilidade", disse.

O secretário Maurício Barbosa pede que as pessoas tenham cautela ao receberem essas mensagens. "É preciso prudência para avaliar o que é verdade e o que é metira. Nesses momentos se colocam esses áudios de pessoas dizendo que vão fazer, que vão acontecer e a gente sabe se há um fundo de verdade", citou.

Ainda de acordo com o secretário, as ordens dos chefes das organizações criminosas geralmente são dadas sem grandes alardes. "A gente sabe pela nossa experiência que as ordens são emanadas de maneira discreta, até por lideranças que a gente já faz o acompanhamento". Ele pede às pessoas que receberem essas mensagens que entrem em contato com a polícia através dos telefones 190 ou 3235-0000, para que a situação seja devidamente averiguada.

Investigado por 20 mortes
Nesta quinta-feira (10), o titular da Delegacia de Homicídios Múltiplos (DHM) e integrante da Força-Tarefa, Odair Carneiro, informou que Marcelo estava sendo investigado por participação em cerca de 20 homicídios, além de tráfico de drogas, sequestros e roubo a banco.

Ele morreu depois de se envolver em um confronto com policiais da Força-Tarefa da SSP, na noite de quarta-feira (9). Marcelo e outro homem, identificado pela polícia como comparsa e motorista dele, Anselmo Nascimento Sena, estavam na Linha Verde, em Camaçari, na RMS, quando foram surpreendidos. Houve troca de tiros, os dois homens foram baleados e morreram.

Assalto
Em janeiro de 2011, Marcelo foi preso com outras nove pessoas suspeito de participar do assalto ao Banco do Brasil, ocorrido no município de Iaçu, no Centro-Norte do estado, um dia antes da prisão. Durante a ação, ele fez um delegado de refém e levou a arma do policial.

O grupo também colocou fogo em uma caminhonete na ponte que dá acesso a Iaçu para atrasar os policiais e levou dois funcionários da agência bancária como reféns. Antes de liberar as vítimas, na saída da cidade, o grupo atirou em um dos trabalhadores.

Marcelo foi preso no dia seguinte, em Feira de Santana, com R$ 6,9 mil em espécie e a pistola ponto 40 que havia sido roubada. Depois da prisão dele, os policiais conseguiram identificar e prender todos os outros envolvidos no assalto ao banco.

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