O ministro-chefe da CGU (Controladoria-Geral da União), Wagner Rosário, foi à Câmara dos Deputados terça-feira (20) explicar os altos gastos do presidente Jair Bolsonaro durante suas férias na virada do ano.
De acordo com ele, o período nem poderia ser chamado de férias, afinal o presidente trabalhou nesse período.
Rosário disse aos deputados da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara que os gastos com hospedagem responderam por cerca de 70% do custo de R$ 1,2 milhão com a viagem do final do ano passado a São Paulo e a Santa Catarina.
Mais R$ 1,2 milhão foi gasto, segundo ele, com as aeronaves necessárias para os deslocamentos.
Com base nos valores médios das diárias informados pelo ministro, o deputado Elias Vaz (PSB-GO), um dos quatro autores do requerimento de audiência, disse que o valor seria suficiente para 4.900 diárias.
Wagner Rosário explicou que os gastos eram com a hospedagem total e não só as diárias de hotéis, inclusive com as equipes de segurança.
Questionado pelos deputados sobre o sigilo dos gastos feitos com cartão corporativo, o ministro disse que isso se justifica pela questão da segurança: “Se eu discrimino a quantidade de diárias e dou o valor exato para vocês e digo quanto é a diária, vocês sabem quantas pessoas estão lá.”
Ele admitiu, no entanto, que o preço da hospedagem tinha ficado um pouco acima do usual porque a segurança teve que ficar em quartos separados por causa do risco de contágio por covid-19.
O presidente Jair Bolsonaro passou 18 dias entre São Francisco do Sul, em Santa Catarina; e Guarujá, São Paulo.
Rosário disse que a viagem não pode ser chamada de férias porque um presidente não tira férias. Segundo ele, foram assinadas sete medidas provisórias e sancionadas seis leis no período.
O deputado Kim Kataguiri (DEM-SP), também autor do requerimento, criticou o sigilo dos gastos. “No mundo real, no mundo de fato, o presidente da República não anda de jet ski com uma medida provisória a tiracolo ou vai pescar com o Ratinho com outra medida provisória sendo assinada no curso da pesca. Efetivamente, isso se chama férias, Viagem ao Guarujá durante o Ano Novo não era para despachar. Me desculpe, senhor ministro, mas são férias.”
Wagner Rosário disse que não existem irregularidades nos gastos em geral porque nem foi analisada a prestação de contas ainda. Ele negou também que haja necessidade de aprimoramento na fiscalização desses gastos. “O processo está muito bem determinado e é feito assim há muitos anos. Já foi verificado, inclusive, pelo Tribunal de Contas da União, que também fiscaliza esses recursos.”
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