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Índia registra novo recorde de mortes por Covid e chega ao 14º dia com mais de 300 mil casos

País mais afetado pela pandemia atualmente confirmou 3.780 óbitos e 382 mil infectados nas últimas 24 horas. Mas há indícios de subnotificação nos dados oficiais do governo.

05/05/2021 às 08h31
Por: Wesley Gomes Fonte: G1
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Foto: Altaf Qadri/AP
Foto: Altaf Qadri/AP

País mais afetado pela pandemia atualmente, a Índia registrou nesta quarta-feira (5) mais um recorde diário de mortes por Covid-19 e chegou ao 14º dia seguido com mais de 300 mil novos casos.

Foram 3.780 óbitos e 382 mil infectados nas últimas 24 horas, segundo dados do governo indiano.

O país foi responsável por 47% de todos os casos e 27% de todas as mortes por Covid-19 do mundo nos últimos sete dias, segundo dados do "Our World in Data".

Na segunda-feira (3), a Índia ultrapassou México e se tornou o terceiro país com mais mortes por Covid-19 do mundo. Na terça-feira (4), passou dos 20 milhões de infectados.

Mesmo registrando os maiores números da pandemia atualmente, há fortes indícios de subnotificação no país, que é o segundo mais populoso do planeta e tem mais de 1,3 bilhão de habitantes.

A segunda onda de Covid-19 na Índia fez com que os hospitais ficassem sem leitos e oxigênio e deixasse necrotérios e crematórios transbordando. Muitas pessoas morrem em casa ou em ambulâncias, na porta dos hospitais, à espera de uma cama ou oxigênio.

Diversas cidades têm feito cremações em massa e durante a noite para atender ao volume de corpos, que é muito maior do que os balanços do governo. Parentes precisam pagar pelo oxigênio nos hospitais e até pela lenha nos crematórios.

Parentes de uma vítima da Covid-19 caminham entre piras funerárias em crematório nos arredores de Nova Délhi, na Índia, em 29 de abril de 2021. Cremações em massa são feitas devido à disparada no número de mortes pelo país — Foto: Amit Sharma/AP
Foto: Amit Sharma/AP

Críticas ao governo

O governo do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, tem sido amplamente criticado por ter comemorado precocemente o "fim da pandemia" e não ter agido antes para suprimir a segunda onda do vírus.

Para não afetar a economia, Modi se recusou a adotar um lockdown nacional, como fez em 2020, e o governo autorizou festivais religiosos e comícios políticos que atraíram multidões.

Diante da inação do governo federal, ao menos 11 estados e territórios impuseram algum tipo de restrição para tentar conter as infecções.

Em meio ao caos sanitário no país, o primeiro-ministro indiano sofreu uma dura derrota eleitoral no domingo (2): seu partido, o BJP, não conseguiu conquistar o estado de Bengala Ocidental.

Modi tem sua base eleitoral no norte e oeste do país e tentava ampliar seu poder para o leste. O BJP conseguiu manter o poder no estado de Assam, mas perdeu também em dois estados no sul.

'Fim da pandemia'

Em janeiro, Modi afirmou no Fórum Econômico Mundial de Davos que "a Índia foi bem-sucedida em salvar tantas vidas, nós salvamos a humanidade toda de uma grande tragédia". Em março, o ministro da Saúde indiano, Harsh Vardhan, declarou que o país estava na "fase final" da pandemia.

Vardhan também chegou a dizer que o país estava mais bem preparado para enfrentar a segunda onda. O otimismo de Modi e Vardhan era baseado em uma queda acentuada no número de infectados e mortos.

O número de casos confirmados despencou de um pico de 93 mil em setembro para 11 mil em fevereiro, e os óbitos foram de mais de 1,1 mil para menos de 100 em março. Com a explosão da segunda onda, o país registra atualmente uma média de 380 mil novos casos e 3,5 mil mortes por dia.

O governo indiano culpa o desrespeito ao distanciamento social e o não uso de máscaras pela população como causas para o surto. Existe também a suspeita de que uma nova variante do coronavírus, a B.1.617, tenha contribuído para a gravidade da segunda onda.

Especialistas responsabilizam também o governo, que além de se recusar a adotar um lockdown nacional tenta responsabilizar autoridades estaduais pela situação fora de controle.

Indianos lotam mercado de vegetais em Jammu, na Índia, em 4 de maio de 2021 — Foto: Channi Anand/AP
Foto: Channi Anand/AP

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