O ex-ministro da Saúde Nelson Teich afirmou nesta quarta-feira (5) que percebeu rapidamente que teria difculdades em sua chegada ao cargo, em abril de 2020. E que bastaram 29 dias para perceber que não conseguiria agir como queria.
Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro jamais impôs qualquer outra determinação à pasta a não ser a expansão do uso do medicamente cloroquina a doentes de covid-19 em estado de saúde leve ou moderado.
Ele, no entanto, diz ter se posicionado claramente contra a expansão do uso do medicamento antes de comprovação científica de sua eficácia. "Era contra a minha convicção pessoal", explicou.
A gota d'água, que o fez deixar o cargo menos de um mês depois da posse, ocorreu em três declarações do presidente na semana que culminou com seu pedido de demissão.
"Naquela semana teve uma fala do presidente na saída do [Palácio da} Alvorada em que ele diz que o ministro precisa estar afinado, citando meu nome, inclusive. [Logo depois} Ele tem uma reunião, acho que com empresários, onde ele fala que o medicamento vai ser expandido, e à noite tem uma live na qual ele diz que espera que no dia seguinte seja determinada a extensão do uso."
Teich reforçou que não poderia atender ao desejo de ampliação do uso da cloroquina. "Esse era o problema pontual, mas refletia uma falta de autonomia e de liderança geral."
O ex-ministro contou que desde sua chegada à pasta percebeu o excesso de politização. "Eu via que as coisas que eu falava eram mais usadas do que ouvidas. A ideia no primeiro momento foi tentar diminuir a tensão", contou.
Para ele, por exemplo, as coletivas deveriam ser mais técnicas, não só para passar números, mas passar informações à sociedade. Também queria ampliar as testagens, melhorar a comunicação etc.
Após as declarações de Teich, um bate-boca entre os integrantes da comissão e representantes da bancada feminina do Senado fez o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), adiar a reunião.
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