“Se fosse na igreja evangélica ou na católica, eles não entravam. Não entravam porque lá tem Deus. Mas aqui no terreiro, eles acham que não tem Deus, só o Diabo e vagabundos”. Este foi o desabafo do pai de santo Amilton Costa, sacerdote do terreiro de candomblé Hunkpame Savalu Vodun Zo Kwe, no Curuzu, na Liberdade, em Salvador, ao acusar policiais militares do Patrulhamento Tático Móvel (Patamo) de arrombar e invadir o espaço, na manhã desta quinta-feira, 17, durante uma operação no bairro.
Ele contou que cinco PMs pularam um muro que fica no fundo do terreiro e invadiram o imóvel após arrombar a porta da cozinha. “Estava no barracão conversando com um policial civil, aí ouvi o barulho e, quando fui ver, eles já estavam aqui dentro. Colocaram a arma na minha cara e me mandaram sair. Eles fugiram quando disse que ia chamar o comandante”, narrou o sacerdote.
Conforme Costa, antes da ação, ele já havia liberado a entrada dos policiais para vasculhar a área externa do terreiro. “Permiti a entrada dos policiais civis, eles foram muito educados. Mas os PMs não me pediram permissão. Se tivessem pedido, minha filha, tinha aberto a porta, não tenho nada a esconder”, declarou o senhor.
Segundo informações da assessoria da Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA), os policiais que estavam conversando com o pai de santo eram policiais militares do Serviço de Inteligência do órgão e não policiais civis.
De acordo com o sacerdote, além dele, alguns filhos de santo, uma vizinha e duas visitantes estavam no local. “Foi horrível. Não precisavam fazer isso. Quero que paguem minha porta”, disse ele.
Costa afirmou que já está sendo acompanhado por um advogado e deve registrar o caso na corregedoria da Polícia Militar e na Defensoria Pública.
A reportagem de A TARDE entrou em contato com a assessoria da SSP e foi orientada a procurar o Departamento de Comunicação Social da Polícia Militar (DCS).
Em nota, o DCS orientou “o cidadão a formalizar o registro junto à Ouvidoria da Corporação (0800 284 0011) ou do site institucional (www.pm.ba.gov.br), no link da Ouvidoria.
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