Quem pensa que calçadas irregulares, buracos nas ruas e ocupação dos passeios são os únicos problemas enfrentados pelos deficientes visuais em Feira de Santana está enganado. Eles também têm dificuldade de acesso a prédios públicos e privados e é para aprender a lidar com essas dificuldades que educadores e gestores estão participando de um curso sobre orientação e mobilidade.
Como parte das atividades, os participantes do curso, realizado pelo Centro de Apoio Pedagógico ao Deficiente Visual (CAP) e Fundação Jonathas Telles de Carvalho, visitaram o campus da FTC Feira de Santana na manhã desta sexta-feira (18). Com os olhos vendados, eles se revezaram na condição de deficiente e acompanhante, para conhecer de perto a realidade.
A extensão do piso tátil, que contempla toda a parte interna do campus, inclusive escadas, bibliotecas e módulos superiores, chamou a atenção dos visitantes, que testaram o deslocamento com a utilização de vendas e bengala. “Em tese, era para termos essa garantia de ir e vir para o deficiente visual em todo lugar, mas não é assim”, afirmou o vice-diretor do CAP, Fabrício Silva.
Ele explicou que a ideia é ensinar a conduzir o aluno com deficiência visual, mas lembrou que existem outros cursos ministrados pelo órgão, a exemplo de braille (escrita) e soroban (cálculos matemáticos). “Fica mais fácil vivenciando a prática e nos colocando no lugar do outro”, atestou a professora Gercionita da Silva Borges, que tem uma aluna deficiente visual de nove anos.
Perceber as dificuldades nos detalhes foi o maior aprendizado de Rogério de Freitas Cardoso, que tem experiência em lidar com pessoas de baixa visão e também cegueira total. “Temos outra visão do problema”, completou a professora Suede Barros, que trabalha na Fundação, onde hoje são atendidas cerca de 200 pessoas, justamente com a disciplina Orientação e Mobilidade (OM).
Para o supervisor de Infraestrutura da FTC, Gilvan Brito Santana, o curso foi fundamental para avaliar as reais necessidades do portador de deficiência visual. “Já tínhamos essa preocupação e a partir de agora teremos um olhar ainda mais apurado, seja na instalação de uma bancada na Biblioteca, na manutenção das pistas táteis ou até na disposição das mesas e cadeiras”, destacou.
Para o técnico de informática Raulzito Magalhães Santos, que perdeu a visão aos seis anos de idade – hoje ele tem 30 – a falta de mobilidade é gritante até mesmo nas grandes cidades, impossibilitando a independência dos deficientes visuais. Em Salvador, por exemplo, a acessibilidade é restrita a alguns lugares específicos. Raulzito mora em Conceição do Coité e trabalha no Centro de Atendimento Educacional Especial (CAEE).
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