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Bebê morto em naufrágio viajava para consulta médica em Salvador

Ele estava com a mãe, avó e irmã, que sobreviveram; chance de bebê sem colete sobreviver é 'praticamente zero'

25/08/2017 às 07h08 Atualizada em 25/08/2017 às 07h14
Por: Correio Fonte: Correio 24h
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Lancha sofreu acidente dez minutos após início de viagem (Marina Silva/Arquivo CORREIO)
Lancha sofreu acidente dez minutos após início de viagem (Marina Silva/Arquivo CORREIO)

O bebê Davi Gabriel, de seis meses, saiu de Mar Grande para realizar  um exame dermatológico com um médico pediatra de Salvador. A viagem de Davi, no entanto, não chegou ao final. Ele estava na embarcação Cavalo Marinho I, lancha que naufragou  na manhã desta quinta-feira (24), durante  travessia para a capital baiana. 

Acompanhado da irmã, Émile, de quatro anos, da mãe Ana Paula, e da avó, o bebê não conseguiu resistir ao acidente. Segundo o coordenador da Samu, Ivan Paiva, a equipe médica ainda tentou reanimá-lo. “Apesar de todo o esforço da pessoa que tentou reanimar a criança, sem estar com colete, num mar agitado, a chance de sobrevivência nessa idade e nessa situação é praticamente zero”, afirmou.  

Na hora do acidente, Davi e a irmã caíram na água. “Ela ainda  conseguiu ser resgatada pelos marinheiros, mas ele não”, disse uma das tias das crianças, Joanita Cruz Santana, 38, durante a identificação do corpo do bebê, no Instituto Médico Legal (IML). Abalada, ela contou que a mãe das crianças ainda  tentou segurar as cordas da embarcação. Ana Paula e a avó do bebê  seguiram para a UPA de Mar Grande e passam bem.

Um primo de Davi, que preferiu não se identificar, também foi prestar solidariedades à família no IML. Ele contou ao CORREIO que assistia a notícias sobre a tragédia de Belém do Pará quando soube do que aconteceu com seus parentes. “Eu fiquei até pensando porque eles moram na ilha, mas não associei na hora”, disse, durante identificação do corpo da criança  na noite desta quinta-feira.  

Sepultamentos 
Outra vítima fatal identificada no naufrágio foi a aposentada Ivanildes Gomes da Silva, 70. Ela morava na ilha, mas vinha semanalmente a Salvador para consultas médicas. Sem se identificar, uma familiar contou que ela costumava vir sempre às terças, mas que esta semana decidiu vir na quinta. Ivanildes tinha um encontro marcado com a afilhada, que a acompanharia ao oftalmologista. O corpo dela será enterrado hoje no cemitério de Mar Grande.  

Já Thiago Henrique de Melo, 35, morava em Salvador mas estava na ilha de passagem. A informação foi passada por Iasmine Pereira, que era amiga da vítima. Ele  trabalhava do Hospital de Custódia e tinha acabado de  passar no concurso de agente penitenciário. O corpo de Thiago vai ser enterrado também nesta sexta, no cemitério Campo Santo. Os corpos de mais duas  vítimas, Antônio de Jesus Souza, 67 anos, e Lais Pita Trindade, de 20, também foram identificados ontem no IML.  

Sobreviventes
Os sobreviventes do naufrágio da lancha Cavalo Marinho I começaram a chegar em Salvador por volta das 9h30. Ao desembarcar no Terminal Marítimo, as vítimas foram colocadas dentro de ambulâncias. No local, tinha três ambulâncias do Samu e uma do Corpo de Bombeiros.

O clima de comoção tomou conta do terminal. Familiares e amigos foram ao local para acompanhar a chegada dos sobreviventes. Muitas pessoas choraram ao reencontrar os parentes. 

Foi o caso do produtor musical Mateus Alves Ramos, 23. Ele pegou a lancha de 6h30. Seu pai, Marival Ramos, pegou a de 6h. Assim que soube do acidente, Marival foi para o terminal. 

A Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) informou que 70 pessoas resgatadas foram levadas para a UPA de Mar Grande e outros 15 para o Hospital Geral de Itaparica. Duas pessoas foram conduzidos para o Hospital do Subúrbio e um para o Hospital Geral do Estado, em Salvador. O estado de saúde das vítimas ainda não foi informado. Outras 34 vítimas foram atendidas no próprio  Terminal Marítimo, em Salvador, e depois foram liberadas. 

Um dos sobreviventes, o sonoplasta o sonoplasta Edvaldo Santos, 51, narrou os momentos de pânico por que passou:  “Quase eu morro pra sair do mar. Foram quatro tentativas. Ainda ajudei umas pessoas. Imagine se fosse em alto mar”, disse, acrescentando que perdeu a carteira com todos os documentos e ainda se feriu na perna e no braço. 

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