Tradição, emoção, amor e dedicação. São esses os sentimentos doados a um ofício de décadas e gerações: o de lavadeira, que celebra seu dia nesta quarta-feira (18). Equipamentos públicos, com mais de 60 anos de tradição, destinados a utilização coletiva e visando a proteção social das trabalhadoras lavadeiras, através da geração de renda, assim são as Lavanderias Públicas da Salvador, que têm feito a diferença na vida de muitas mulheres que dependem desse trabalho para o sustento da família.
Para apoiar e incentivar essas profissionais, a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social da Bahia (SJDHDS) mantém seis lavanderias comunitárias em Salvador. Espaços utilizados por mulheres de baixa renda, autônomas, que prestam serviços a seus clientes sem intermediação privada ou pública. Atualmente, as unidades de lavanderias estão situadas nos bairros do Engenho Velho de Brotas, Federação, Dique do Tororó, Cosme de Farias, Alto das Pombas e Boca do Rio.
“As lavanderias contribuem para a melhoria das condições de vida da mulher lavadeira, oportunizando fonte de renda através do trabalho digno e oferecendo à população serviços de lavagem completa de vestuários com qualidade e preços acessíveis. Além de ser uma tradição, muitas vezes, familiar, passando de geração para geração”, afirmou Adriano Costa, coordenador de Administração dos Centros Sociais Urbanos e das Lavanderias Comunitárias Públicas Estaduais (COAD/SJDHDS).
As lavanderias públicas proporcionam espaço físico a essas mulheres, sendo o Governo do Estado o facilitador para o desenvolvimento dessa atividade econômica, assumindo despesas de custeio como água, energia elétrica, vigilância e manutenção dos imóveis.
Numa tradição de mãe para filha, Ana Paula Santos, há 12 anos, escolheu ser lavadeira e se orgulha do trabalho que faz. “O ofício de lavandeira apareceu como algo extraordinário na minha vida. Construí minha casa, criei e eduquei minha filha Alana Luisa, de 17 anos, e, além de ser meu sustento, tenho total autonomia e flexibilidade com meus horários e meus clientes. Sou lavadeira com orgulho e amo minha profissão”, declarou Ana, lavadeira da unidade de Aristides Novis, do bairro Engenho Velho de Brotas.
Ana tem 35 aos e é a lavadeira mais nova da unidade em que trabalha. Mesmo tendo sido criada dentro da rotina de trabalho da mãe, ela não imaginava seguir a profissão. “Quando pequena, não pensava em seguir a profissão da minha mãe, no entanto, quando ela e minha tia faleceram, abracei o ofício que elas desenvolviam com tanto amor e carinho. Foi aí que minha vida mudou. Os clientes delas, que já me conheciam desde pequena, se apegaram a mim e estão comigo até hoje. Muitos até me indicam para trabalhos extras. Tenho muito amor pelo meu ofício, não gosto de ver ninguém com roupa machucada que já quero passar”, contou sorrindo.
Nessa tradição de seis décadas, ainda é possível encontrar pessoas remanescentes dessa época. É o exemplo de dona Edvaldina Alves, 58, mais conhecida como dona Dina. Ela também deu continuidade ao trabalho da mãe, conhecida por todos da Lavanderia Cardeal da Silva, em Cosme de Farias, como Filhazinha.
“Esse trabalho tem um significado muito grande na minha vida. Quando nasci, minha mãe já trabalhava na lavanderia de Cosme de Farias. Foi desse ofício que ela tirou o sustento de seus nove filhos e continuou até os seus 78 anos. Lembro-me como hoje, quando ela adoeceu e não pôde mais continuar com a profissão. Foi como se tivessem arrancado o coração dela. Ela amava demais o que fazia, lavava e passava como ninguém e com muita alegria. Aquilo não era trabalho para ela, era satisfação”, contou emocionada.
“Dei continuidade ao trabalho dela, e estou há mais de 40 anos sendo feliz com o que faço. Além de eu ter conseguido criar meus dois filhos com minha renda da lavanderia, é também uma forma de eu me conectar com minha mãe, de lembrar-me da infância e de, alguma forma, vê-la ali, lavando e passando. Eu sou feliz demais aonde trabalho”, contou com alegria.
Fonte: Ascom/SJDHDS
Mín. 20° Máx. 37°