Baianos que precisam de transplantes de rim e fígado podem ficar mais perto de casa para receber o órgão. Mais conforto para os pacientes e mais avanços para a saúde da Bahia. Na manhã desta quarta-feira (27), o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), localizado no bairro do Cabula, em Salvador, lançou o programa de transplantes de órgãos da unidade, que deve realizar, ainda este ano, a primeira cirurgia em paciente renal, e, até 2018, em pessoas com deficiências hepáticas.
Maior hospital público do Norte e Nordeste, o HGRS é o segundo da rede estadual de saúde a realizar transplantes, depois do Hospital Ana Nery, que faz de rim e pulmão. A cerimônia de lançamento aconteceu no Auditório Central da unidade, com a presença dos profissionais da unidade e de pacientes transplantados.
Mesmo com as cirurgias começando até o final deste ano, o atendimento ambulatorial para pacientes transplantados em outras unidades já começou. De acordo com o diretor-médico do hospital e idealizador do programa, André Durães, equipes já estão preparadas para os transplantes de rins, e a unidade passa por um processo de habilitação para o transplante de fígado, e, posteriormente, de córnea, todos realizados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
“Esse hospital é extremamente estratégico para a rede SUS na Bahia e, diante da necessidade de avançar na área dos transplantes, unimos profissionais qualificados e vamos realizar os procedimentos aqui. Vários pacientes precisavam se deslocar para outros estados, para tratamento fora do domicílio. Agora, os pacientes renais, por exemplo, poderão receber o órgão, serem atendidos no ambulatório para transplantados aqui. Também abriremos vagas para outras pessoas que precisam de hemodiálise. Isso vai ofertar muita qualidade de vida para essas pessoas”, explicou o diretor-médico do HGRS.
Doação de órgãos na Bahia | Atualmente, cerca de dois mil baianos estão na fila esperando por um transplante de órgão, a maioria por córneas e rins, seguidos por fígado e pulmão. De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), mais de 60% das famílias baianas ainda não permitem a doação de órgãos, e 10% das doações realizadas no estado são de pessoas vivas. A recusa pela falta de informação por parte dos familiares, crenças religiosas e desconhecimento do desejo de ser doador estão entre os fatores mais recorrentes apontados pelos familiares na Bahia.
Para a coordenadora da Central de Transplantes do Estado da Bahia, América Carolina Sodré, a decisão de doadores e familiares pode mudar não só os indivíduos, mas famílias inteiras. “O transplante pode trazer a vida de volta para essas pessoas, que ganham mais longevidade, mais qualidade de vida, têm suas rotinas recuperadas, seu convívio familiar reconquistado e voltam para a sociedade saudáveis, capazes e produtivos”.
A professora Renildes Abreu, que recebeu um coração, fala sobre o significado da doação. “Eu era doadora e passei a receptora. Depois de seis anos com problemas cardíacos, eu recebi uma vida nova, principalmente no coração. É uma esperança para quem está na fila. Espero que, ao ver pessoas como eu e meus amigos que recebemos corações, elas se conscientizem e doem também”.
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