Apropriação cultural é devera um assunto bastante discutido atualmente e de muita relevância. Más será que as pessoas entendem a partir dos vários elementos envolvidos nesta discursão? Elementos esses que são tão importantes quanto, para o entendimento e abordagem desse assunto?
Primeiramente, não estou aqui para dizer o que é certo ou errado, e sim para simplesmente partilhar um pouco sobre o que penso sobre apropriação cultural e a relevância desse debate.
Bem, para começo desta empreitada, o grande problema da apropriação cultural que realmente deve ser discutido, é como as grandes mídias de massa se "apropriam" de tais culturas, geralmente de povos oprimidos, estabelecendo suas características dentro de seus costumes, que é chamado de transculturação, que é a inserção de novas culturas a outras, fazendo assim uma mistura entre essas, assim como elementos musicais que cada vez mais vem se modificando com a adaptação de novos elementos de outros ritmos. Essa apropriação por parte das mídias de massa busca nada além que fins lucrativos, onde o único intuito é gerar lucros para os que se apropriaram desses elementos culturais e assim estereotipando o que é feio ou bonito. A exemplo disso é quando vemos uma pessoa negra usando dreads, mas achamos feio ou sinônimo de sujo, mas o mesmo penteado vemos em uma pessoa branca e pensamos, “nossa, como ele é descolado”. Ou quando vemos mulheres negras de turbante e ligamos diretamente a “macumbeiras”, “feiticeiras” (geralmente ligando isso a religiões ruins, que cultuam o mal, e que não é uma verdade, mas é assunto para outra discussão), mas quando vê mulheres brancas com turbantes, relacionamos como na moda, lindas, exóticas. Esses são problemas ideológicos implantados há muito tempo em nossa sociedade, problemas esses que caracterizamos como racismo.
Segundo o antropólogo Richard A. Rogers: “Apropriação cultural é definida amplamente como o uso de símbolos, artefatos, estilos, rituais, ou tecnologias de uma cultura por membros de outra cultura...”.
Com isso pode-se dizer que é inevitável quando culturas entram em contato, incluindo contato virtual ou representativo, não haver trocas culturais, pois, é um processo que acompanha o homem desde o começo de sua história, como quando povos encontravam outros, e assim aprendiam novos costumes e culinárias diferentes. Mas levando em consideração também os grandes genocídios causados ao longo dos anos pelos brancos europeus, onde eles dominavam sociedades, escravizavam e impus suas crenças e costumes. Podemos ver ainda hoje em nosso país os resquícios disso, quando vemos negros seguindo as crenças cristãs e abominando religiões de raízes africanas. Porém também podemos ver brancos em terreiros de candomblé, seguindo e se aproximando de culturas negras.
O caso é que ninguém é proibido de nada, mas vivemos num mundo onde há séculos uma cultura dominante é imposta, o modelo a ser seguido é o do branco europeu, portanto, o padrão estético é o do branco da elite. Quando se nota o interesse nos casos citados, esses símbolos sofrem um processo de embranquecimento, elitização e exclusão dos costumes. O turbante que as “pretas” usavam não era interessante até o momento em que foi utilizada por uma atriz ou modelo branca. O problema disso tudo é que as grandes mídias se apropriam desses costumes culturais e os comercializam unicamente como mercadoria, sem se importarem com seus reais valores culturais e simbólicos.
Mas de quem é a culpa? Será da mulher branca que compra o turbante? Do homem branco que vai ao Pelourinho e pede um corte afro? Ou de quem comercializa visando unicamente o lucro? É impossível dizer a todos o que podem ou não usar, o que devem fazer, pois se foi pago com seu próprio dinheiro em algo que foi vendido, porque ele não poderia usar? Será que até mesmo todos negros brasileiros que utilizam de características das culturas afro, sabem o real significado daquele símbolo para determinada religião ou crença? Seguem a religião, os costumes e ideologias?
Logo o grande problema que trouxe a tona o debate da apropriação cultural é da cultura de massa, que é o produto da chamada Indústria Cultural, consistindo em todos os tipos de expressões culturais, com o objetivo essencialmente comercial, ou seja, de gerar produtos para o consumo e cada vez mais lucros para quem a comercializa. Então não nos cabe impor o que as pessoas devem ou não usar, independente de sua cor, de sua classe social, sua crença e seus costumes. A nós, convém conscientizar as pessoas da importância e da representatividade que as expressões culturais e religiosas têm para cada grupo, para que as pessoas entendam cada vez sua relevância.
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