O Movimento Estadual da População em Situação de Rua de São Paulo estima que, atualmente, 66 mil pessoas vivem sem teto na capital paulista. Segundo o presidente do movimento, Robson Mendonça, houve um grande crescimento do número de pessoas que dormem nas calçadas durante o período da pandemia de covid-19.
“Mudou o perfil dessa população, que passou a ser mães com crianças. A cidade passou a ser um acampamento a céu aberto. Para onde você olha tem barraca”, disse.
A estimativa do movimento é feita, de acordo com Mendonça, a partir dos atendimentos oferecidos na sede da entidade, no centro de São Paulo. Além de alimentação, é oferecido apoio para tirar documentos, procurar emprego e buscar atendimento em saúde.
Lançado em janeiro de 2020 a partir de dados coletados em 2019, o último Censo da População em Situação de Rua identificou 24,3 mil pessoas sem teto na cidade de São Paulo. A maioria era negra (69,3%) e 85% eram homens.
Mendonça diz que a crise econômica e algumas medidas para conter a disseminação do novo coronavírus desestabilizaram microempreendedores e trabalhadores do comércio informal. “Muitos micro e pequenos empresários, nessa pandemia, vieram a ficar em situação de calçada”, explicou.
Além do crescimento da população que não tem teto, Mendonça diz que o censo feito pela prefeitura subestimou a quantidade de pessoas sem ter onde morar. De acordo com ele, integrantes do movimento da população em situação de rua participaram do trabalho do censo e perceberam problemas na metodologia.
Segundo Mendonça, não foram contadas pessoas que estavam internadas para tratamento de uso abusivo de álcool e drogas e parte das pessoas acampadas ou com barracos em via pública, entre outros pontos. “Todos esses dados fizeram com que a contagem não fosse a real”, afirma.
Devido aos impactos crise sanitária, a prefeitura de São Paulo antecipou a realização do novo censo da população em situação de rua. Em agosto, foi aberto um pregão eletrônico e, em setembro, foi assinado o contrato com a empresa Qualitest com prazo de nove meses.
Na ocasião do anúncio da antecipação do estudo, a então secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Berenice Giannella, confirmou que havia uma percepção de aumento e mudança de perfil das pessoas dormindo nas calçadas da cidade. "Não só aumentou, mas diversificou. Hoje, você tem mais famílias na rua por conta do desemprego e da perda de moradia", disse.
A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social informou, por nota, que, no último censo, foram considerados sim como população em situação de rua as pessoas vivendo em barracos, ainda que de madeira. "Esses barracos são chamados de mocós na literatura sobre população em situação de rua e se encaixam dentro da definição do conceito operacional adotado na pesquisa", destaca o texto.
Ainda de acordo com a pasta, a definição das pessoas em situação de rua usada na pesquisa considera uma série de fatores como pobreza extrema, vínculos familiares fragilizados ou interrompidos e a inexistência de moradia regular.
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