Os bandidos que realizaram uma série de ataques na cidade de Eunápolis para roubar a empresa de valores Prossegur na noite de segunda-feira (05) usaram as armas de uso restrito das Forças Armadas . De acordo com a Polícia Militar os bandidos estavam armados com fuzis 762 e 556 e metralhadoras ponto 50, usadas em ataques antiaéreos.
Cerca de 40 homens participaram da ação que teve explosão com dinamites na empresa de transporte de valores e também atingiu bases da PM na cidade. Apesar do arsenal usado, a PM informou que os bandidos não conseguiram atingir o cofre da empresa.
Na manhã desta terça-feira (06), a PM localizou na zona rural de Belmonte, seis veículos usados pelos bandidos. Dentre eles, estão uma picape Strada preta. A PM não soube dar mais detalhes sobre os demais carros nem a situação em que eles estavam.
O major Florisvaldo Ribeiro, comandante da 7ª Companhia Independente de Polícia Militar em Eunápolis, informou que a explosão na Prosegur atingiu mais a parte do escritório e da tesouraria.
“Eles levaram da tesouraria uma quantia ainda não sabida de dinheiro. A empresa ainda está contando o que restou para ter uma ideia do quanto foi levado e ainda será prestada a queixa na Polícia Civil”, disse.
Segundo o major, o vigilante Elivar Ferreira Nadier Sobrinho, 46, que morreu na ação dos bandidos revidou aos tiros. Elivar estava na guarita da empresa quando os criminosos chegaram. Quatro vigilantes feridos estão hospitalizados, sem risco de morrer.
O CORREIO não conseguiu contato com a empresa de transporte de valores. No local do crime, até o final da manhã desta terça (06), havaia ainda 5 bananas de dinamite não utilizadas pelos bandidos. Inicialmente, foi divulgado pela Polícia Civil o uso de granadas na ação, mas isso foi descartado.
As bananas de dinamite ficaram serão retiradas pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), única que pode manusear material do tipo ainda nesta terça. O local ainda está sendo periciado pelo Departamento de Polícia Técnica.
A PM estima em cerca 40 a quantidade de bandidos que participaram da ação, considerada pela Polícia Civil como “ação de extrema ousadia”. A empresa Prosegur fica no centro da cidade de Eunápolis, que possui 115 mil habitantes.
Para que a ação não fosse frustrada, os bandidos colocaram fogo na frente do quartel da PM e de duas companhias especializadas (Rondesp e Caema, também da PM), e ainda ficaram o tempo todo atirando para dentro das unidades policiais.
“Foi um momento que não tivemos de agir com cautela”, declarou o major Ribeiro. Houve ainda o bloqueio com carretas nas rodovias BRs 101 e 367 nas proximidades da cidade para dificultar a perseguição durante a fuga.
A ação, iniciada entre as 23h30 e as 0h, durou cerca de 40 minutos, de muitos tiros disparados na cidade, onde há um rastro de destruição, com com vidraças de lojas do comércio destruídas e tiros em imóveis residenciais. A explosão foi tão forte que derrubou a porta de uma das casas.
“Foi algo muito orquestrado, algo jamais esperado na cidade, um crime de extrema ousadia. A polícia ficou encurralada, sem poder sair. A perícia está no local do crime neste momento e não foi prestada queixa ainda”, disse o delegado Hermano Costa, titular da Delegacia de Furtos e Roubos.
A informação que a polícia teve é que os bandidos fugiram em direção a Minas Gerais em carros roubados. “Tivemos a informação de que mais adiante, já fora da cidade, eles entraram em um caminhão-baú”, informou Costa.
Pedido de reforço
A Prefeitura de Eunápolis divulgou nota lamentando a morte do vigilante e o pânico vivido por moradores. O prefeito Flávio Baiôco (PSD) disse que vai solicitar do governador Rui Costa melhorias urgentes na segurança pública da cidade.
Baiôco quer a criação e instalação de um Batalhão da Polícia Militar na cidade, a exemplo de Porto Seguro, elevando a 7ª Cia Independente; a ampliação da base operacional da Caema; a construção de uma base de segurança nos bairros; e um estudo de viabilidade da instalação de um posto da Polícia Rodoviária Estadual (PRE) na estrada da Colônia, rota de fuga de bandidos sempre que tem crimes na cidade.
“Passei essa madrugada acordado monitorando a situação e a assistência às vítimas. Uma cidade como Eunápolis não pode ficar refém do crime organizado e viver cenas de violência sem poder de reação”, falou Baiôco.
“Os comandantes das polícias Civil e Militar se esforçam, mas precisam ter estrutura para trabalhar e condições de enfrentar a criminalidade cada vez mais organizada e bem armada”, concluiu o prefeito.
A PM declarou que o policiamento foi reforçado na cidade e que as polícias de toda a região estão em alerta para encontrar pistas sobre para onde os bandidos fugiram.
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