Neste Dia Internacional da Mulher, o Correio da Cidade decidiu contar a história de uma mulher que ajudou a trazer ao mundo, trabalhando como parteira, mais de 3 mil pessoas.
Francelina Soares de Souza tem 89 anos. De voz branda e com um senso de humor impressionante, ela resolveu conceder entrevista ao Correio. Ela nos conta sua história e fala de sua relação de amor com todos os “filhos” que ajudou a nascer.
Ainda criança, dona Francelina conviveu com a família do farmacêutico Zezito Fonseca. E segundo ela, foi lá que aprendeu tudo. “Trabalhei com dona Zuleica e Sr. Zezito da Farmácia e devo tudo a eles; foi lá que aprendi o ofício de parteira, que me deu tantas emoções na vida”.
Dona Francelina conta que aos 17 anos trabalhou pela primeira vez fazendo partos. E hoje, ela diz que perdeu as contas de quantos partos realizou, mas garante que passa dos 3 mil. “Tenho 5 cadernos completos com anotações de cada bebê nascido. Um por linha; é muita gente”, conta com os olhos carregados de emoção.
“Teve época que cheguei a fazer até cinco partos por dia”, relembra. “Nunca me neguei a fazer nenhum, por mais difícil que fosse sempre eu estava lá”.
Dona Francelina, além de trabalhar como parteira na Farmácia de Zezito, também auxiliou o médico santoestevense Dr João Borges de Cerqueira. “Era uma espécie de enfermeira de hoje em dia”, avaliou.
O parto mais difícil que fez foi de uma moradora do bairro Pau de Vela, onde dona Francelina sempre morou. “Tinha uma amiga minha que estava grávida e o médico tinha recomendado a ela que fizesse o parto em Feira de Santana porque seria de risco. Ela com medo de ir para um hospital de outra cidade, escondeu isso de mim e me chamou para fazer o parto. Eram gêmeos e estavam entrelaçados. Foi muito complicado, mas graças a Deus deu tudo certo, assim como todos os partos que fiz”, comemorou.
No papel de mãe, dona Francelina teve 22 filhos, mas conta que só 12 deles estão vivos. “Me sinto mãe de todo mundo que ajudei a nascer. Quando eles me encontram é de mãe que eles me chamam”, conta em tom mais firme.
Reportagem | Alysson Ribeiro | falecom@correiodacidade.com.br
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